Faz alguns anos enjoamos dos vinhos chilenos e argentinos mais baratos – na faixa dos R$ 50 – e buscamos trocá-los (não totalmente) por duas tentativas de continuar gastando pouco sem perder a chance de beber algo bom. Entendemos que Chile e Argentina têm oferecido vinhos em conta extremamente óbvios e padronizados. No caso dos chilenos uma certa artificialidade marcada por um toque repetitivo de madeira. Fica parecendo fast-food, onde sabemos sempre o que vamos comer – nesse caso, beber! E isso no mundo do vinho não tem a menor graça. Em se tratando dos argentinos o que nos desagrada é uma doçura exagerada, que em alguns casos oferece a sensação de que estamos tomando um coquetel de frutas vermelhas feito à base de geleia ou gelatina. Chega!

A primeira alternativa para esses problemas foi buscar vinhos baratos no velho mundo, e as listas semestrais que divulgamos mostram claramente ser possível beber bem por menos de R$ 55. A segunda tentativa foi buscar vinhos no nosso continente. Os uruguaios nos agradam demais, sobretudo porque cada casa parece buscar um resultado diferente para seus produtos, e isso é muito interessante e desafiador. O outro destino é o próprio Brasil. Depois de a ex-presidente Dilma tentar proteger a bebida nacional, ficou nítido que isso não era necessário, tendo em vista a qualidade do que produzimos aqui. O tinto brasileiro de uma faixa mais modesta de preço é muito competitivo, e tal bebida não se restringe àquilo que é produzido no Rio Grande do Sul – a mais tradicional região brasileira. Aqui nesse espaço já falamos em vinhos paulistas, goianos, mineiros e catarinenses. E sabemos que existe coisa boa em Pernambuco.

Mas onde compramos esses vinhos? Sobretudo os tintos de Santa Catarina, que nos agradam profundamente? Tratam-se de vinhos que podem ser consumidos com cinco a sete anos, sendo comum encontrar no mercado, atualmente, as safras 2009 a 2011. Em São Joaquim destacam-se as castas Cabernet e Merlot, e a combinação delas é bem típica. Nesse pareamento não é incomum encontrarmos uma terceira uva, que pode ser italiana ou, mais raramente, portuguesa. As respostas mais óbvias para o desafio da aquisição seriam as casas especializadas e os supermercados, mas em São Paulo isso não é tão óbvio e tampouco razoável do ponto de vista econômico. Vinho de Santa Catarina fora do estado é caro. E o que fazer? Parte expressiva das casas produtoras do estado despacham vinhos para o Brasil a partir de compras que podem ser feitas em seus sites – os preços são os mesmos das lojas físicas das vinícolas, é possível receber promoções por e-mail e o frete não é caro, podendo ser zerado a depender do volume de compras. Existe também a Casa do Vinho, loja enorme localizada em São Joaquim que, apesar de um site tenebroso, tem uma variedade imensa das bebidas do estado e também entrega a compra em casa.

Mas a melhor forma de comprar vinho catarinenses é em Florianópolis, onde não é NADA simples encontrar vinhos do estado. Uma loja localizada no centro, no entanto, resolve o problema. Relativamente próxima do bom mercado público e da tradicional figueira que fica de frente para a catedral católica, estamos falando da Essen, inaugurada em 1995, que ocupa a parte de trás de uma elegante loja de vinhos da  importadora Decanter.

 

essen

 

Estacionamento na porta, corredor lateral para acesso, a Essen é um pequeno estabelecimento repleto de garrafas e produtos gastronômicos. Por lá é possível encontrar chocolates, doces, embutidos, queijos e toda sorte de produtos catarinenses, como aqueles sucos de maçã deliciosos. Mas também existem guloseimas de outros locais do Brasil e do mundo. Nas gôndolas de bebidas, conceituados vinhos argentinos, muitos gaúchos e os esperados catarinenses. A casa já foi melhor na variedade estadual, e hoje tem se concentrado em Villagio Bassetti, Quinta da Neve, Pericó, Abreu Garcia e Sanjo. Talvez exista algo adicional, mas não estão mais lá a Villaggio Grando e a Villa Francioni, duas belas casas que fazem muita falta. Segundo a simpática funcionária que me atendeu na visita que fiz essa semana, existe a chance de a Leone di Venezia aparecer nos próximos meses. Os preços são muito razoáveis em se tratando de Santa Catarina, não sendo difícil encontrar vinhos de R$ 35 a R$ 55. Visite a Essen, local obrigatório em minhas idas à Santa Catarina.

 

Essen Vinhos Finos – Rua Hermann Blumenau, 207. Centro, Florianópolis, SC – (48) 3223-1500 Segunda à sexta das 9h às 20 e Sábado das 9h às 18h