Faz alguns dias li um texto bacana da Isabelle Moreira Lima, do Paladar/Estadão, perguntando quem já tinha tomado vinho brasileiro neste ano. O título era em tom de questionamento, justificado pelo fato de que as vendas dos nacionais caíram 30%. As razões foram da quebra da safra, passou pelos impostos e custos, e terminou no fato de que importadoras procuraram vinhos mais baratos e isso pode ter agradado ao paladar do consumidor. Isso a gente já havia notado aqui no blog, quando falamos de algumas regiões alternativas da Espanha que têm chegado com vigor ao país.

Mas diante da provocação da colunista fui procurar resposta e descobri que estou na contramão do mercado. Isso porque entre 2011 e 2017 o Brasil é o quinto país em minha ordem de nacionalidade do que bebo. Tem 10,4% do total de garrafas consumidas, totalizando 113 vinhos. Está abaixo apenas de quatro monstros do velho mundo – Espanha, França, Portugal e Itália – e imediatamente à frente de queridinhos que pouco nos agradam – Argentina e Chile.

Porém, se olharmos para 2017, isso muda bastante. Espanha e França estão quase esquecidas, e isso nos assusta, pois são vinhos que adoramos. Os ibéricos, por exemplo, lideram nossa preferência histórica com 18,8% do que tomamos, e nos últimos seis anos emplacou quatro como o campeão dos 12 meses. Nesse mesmo período, o Brasil foi o vice-campeão em 2014, o quinto em 2015 e o terceiro em 2016. Aprendemos a beber os nacionais mais recentemente, se excluirmos do jogo muito do que tomamos em matéria de espumantes, sem registrar, entre 2005 e 2010.

Mas esse ano é diferente: o Brasil lidera o ranking dos vinhos mais bebidos em casa. Ao todo foram 16 rótulos, ou quase 20% do que tomamos. Quando Isabelle pergunta o que se bebeu e a que preço, posso destacar alguns rótulos que agradaram demais e pesaram pouco no bolso. Vamos lá, para terminarmos com uma boa lista – lembrando que dia 30 de abril publiquei a tradicional relação de vinhos de até R$ 55 com boas opções nacionais.

 

1 – Matiz Plural – R$ 55 na Vinhedos, de Natal-RN – tinto muito agradável, a série Matiz é ótima opção da Hermann;

2 – Villagio Grando – Innominable V – R$ 70 no Natural da Terra – tinto intenso, da casa que faz vinhos muito agradáveis;

3 – Torii – R$ 79 em Santa Catarina – um dos melhores tintos das serras catarinenses que tomamos até hoje, muito bom;

4 – Casa Venturi reserva tannat – R$ 50 na Essen de Florianópolis – um dos mais razoáveis custo x benefícios do país;

5 – Villagio Grando – cabernet – R$ 70 no Natural da Terra – casa honesta demais, que nos agrada em praticamente tudo;

6 – Campaña cabernet – R$ 69 em Porto Alegre – belo vinho de sabor não muito intenso e agradável.

Fonte: Vinhos e Vinhos
Fonte: Vinhos e Vinhos
Fonte: Sonoma
Fonte: Sonoma

Junte a esses seis tintos de extremo respeito outros cinco espumantes: Villagio Grando brut; Miolo Cuvée Tradition brut e brut rosê; Santa Augusta brut rosê; Bossa número 3 e; Casa Valduga Arte brut. Pronto! Uma dúzia de vinhos brasileiros, ou seja, deixei de lado apenas três dos 16 – pois um tomamos duas vezes e está na lista acima. Isso representa dizer que gostamos de 81% do que tomamos sem gastar mais de R$ 80 em qualquer das garrafas. Agora compare com o que custa até R$ 80 em matéria de vinho estrangeiro e verás que se deixarmos o preconceito de lado será possível beber vinho nacional em nível tão razoável quanto os importados nessa faixa de preço. Basta experimentar. O risco de não gostar existe, mas o de apreciar também. Saúde!

Fonte: Business Luxo
Fonte: Business Luxo