Escolher uma garrafa no mercado, comprar, abrir, servir e beber. É isso que a maioria das pessoas faz com o vinho. E quem não gosta afirma que se fosse simples seria mais interessante, mas o excesso de firulas incomoda. Tranquilo. Não precisa enfeitar muito, basta efetivamente comprar e beber. Mas façamos aqui um comparativo com a campeã nacional de preferência: a cerveja. O sujeito escolhe com cuidado, e hoje o mercado das artesanais e das especiais fez com que o prazer de beber uma cerveja se multiplicasse largamente. A partir disso coloca na temperatura ideal, bem como no copo certo, que muitos gostam de tirar da geladeira. Pois bem: por que com o vinho seria diferente?

Assim, para começar, devemos ter em mente alguns pontos bem interessantes sobre os vinhos. Por exemplo: eles têm temperatura certa de consumo, data, tempo de abertura, taça e uma série de outras especificidades. E isso não é frescura, é buscar o melhor rendimento possível em algo especial. Claro que vinhos jovens, ligeiros e por vezes baratos exigem poucos esforços: compre e beba. Em contrapartida, um vinho complexo, caro, feito com todo o cuidado pelo produtor merece respeito. Em muitos países parte do que é necessário para se aproveitar ao máximo está no rótulo – o que nos leva a dizer: leia-o em seus detalhes e siga-o quando houver alguma instrução. No Brasil, por exemplo, não é incomum lermos a temperatura certa para consumo, o que por vezes é difícil se obter quando não temos uma boa adega ou um termômetro de garrafa. Por sinal: na minha opinião de leigo, a temperatura tem um peso monumental no resultado do que se escolheu para beber.

Outro ponto: quando beber o vinho? E aqui existem duas maneiras de descobrir. Primeiramente no site da própria vinícola, onde em muitos casos as fichas técnicas são apresentadas e o potencial de guarda é especificado. Vinhos evoluem e morrem dentro das garrafas, e bebê-lo no auge de seu avanço é muito especial. Isso significa dizer que a preocupação não é apenas com a perda de potencial, mas também com o fato de o vinho estar muito jovem para ser aberto. O outro modo de verificar esse tempo está no aplicativo, ou no portal, Cellar Tracker, que em muitos casos sugere o espaço de tempo para se beber um rótulo de determinada safra. Respeite esse tempo, ou seja, não compre um vinho caro e o queime com base em sua ansiedade.

Para além desses cuidados, a taça certa para o vinho certo, apesar de nem sempre termos em nossas casas um conjunto completo desses objetos que nos permita chegar ao ideal. Mas aqui uma coisa chama a atenção: é impressionante notar a diferença de tomar bons vinhos em taças distintas. Por fim, a despeito de tantos outros detalhes, a mais essencial das perguntas: depois de retirada a rolha o que fazer? Muitos têm a mais básica das respostas: servir e beber. Mas nem sempre é assim tão fácil. Alguns vinhos sugerem o decanter como boa opção, lembrando que uma de suas principais funções está associada ao fato de permitir um maior contato da bebida com o oxigênio. E aqui se exige um cuidado interessante: para muitos vinhos uma hora de decanter ou mesmo um bom tempo de garrafa aberta é excelente alternativa para fazer a bebida evoluir e alcançar seu esplendor, ou ao menos oferecer resultado distinto em relação à primeira taça servida – o que é uma experiência muito bacana. Mas a exposição exagerada ao oxigênio durante um tempo mais elevado simplesmente mata alguns vinhos, sobretudo os mais jovens. Assim: estudar, entender e perguntar é diversão certa, mas sobretudo nos aproxima do que efetivamente o produtor desejava nos oferecer como experiência quando produziu a bebida que escolhemos.

 

Wine guide

Fonte: Wine Folly – guia básico de vinho