Eventos gastronômicos marcados por bons vinhos são ainda mais especiais.  E faz anos que a Ka me fala que precisamos ir à Bragança Paulista jantar no restaurante de um casal de amigos. Pois cansei de ouvir e resolvemos transformar os elogios em ação. Sexta-feira fomos ao Gusto Italianíssimo, num evento que me surpreendeu em múltiplos sentidos.

A primeira surpresa foi a cidade. Não me lembrava de uma Bragança com cena gastronômica tão marcante. Um guia no hotel mostrava pelo menos cinco ou seis restaurantes que merecem atenção e passam longe da tradicional e respeitável comida mineira e da celebrada linguiça da cidade. São casas sofisticadas com cardápios gourmet. Ademais, pudemos ver algumas lojas de vinho pela cidade e uma cena cervejeira que merece atenção. Como era feriado, não conseguimos visitar a Cervejaria Bragantina, e não nos esforçamos muito para conhecer bares especializados em artesanais. Na esquina do bom Ka Business uma pizzaria chamada Razera também se apresentava como companhia de cervejas especiais. Foi o suficiente. No final da tarde tomamos uma pilsen, uma receita batizada de Budah e uma Strong. Só a segunda se salvou, e lembrou muito uma boa witbier.

Mas o melhor estava reservado para o jantar. Restaurante agradável, iluminação aconchegante que serve o que existe de melhor na Itália. O casal comemorou nossa chegada como bons amigos da Ka, e não demorou pra que me deixassem completamente à vontade e me sentisse um velho amigo – isso não tem preço! Conversa gostosa, várias experiências gastronômicas e turísticas deram o tom da noite. Giuseppe e Annarita são especiais demais. No cardápio o mais difícil é escolher sem se arrepender de deixar algo sem atenção. Teremos que voltar com certeza, mas a bruschetta de berinjela, o gnochi de castanha portuguesa com funghi e o canolli de queijos e pistache formam o trio entrada / prato principal / sobremesa mais exuberante dos últimos anos.

Italianíssimo 2

Para todo esse banquete, que ainda teve outros elementos muito saborosos, escolhemos um vinho genial, que um dia merecerá belíssima história aqui no blog. Um Trefiano Riserva 2008, da especialíssima Tenuta di Capezzana, envelhecido por 16 meses em barrica de carvalho. Um blend de Sangiovesi e Canaiolo, uvas típicas da Toscana, com um toque de Cabernet. O nome é uma homenagem à vila construída em 1570 na região de Carmignano, uma denominação de origem respeitada no local. Tivemos a sensação de que fomos extremamente honestos com o vinho. E ele conosco: seus 14,5% de álcool e uma potência que precisou de uma hora de garrafa aberta para render o que poderia, estavam estupendos. Dignamente o trouxemos de seu país, e o levamos para perto de sua cultura quando o apresentamos para a mágica comida de Annarita e Giuseppe. Assim fica mais fácil e mais agradável: quando o vinho se junta aos seus, e a gente aproveita o que existe de melhor nele.

Italianíssimo 1

Pra quem esperava que eu falasse sobre o vinho da Páscoa sugiro que consulte o texto do ano passado. O assunto seria bastante óbvio, e não quero datar sempre o blog com regularidade associada ao calendário. Assim, a tudo o que está escrito ali adicione o V3 Menade que tomamos em 2016, um belíssimo vinho de Rueda, feito à base da esperada Verdejo, uma das mais especiais uvas brancas que conhecemos. Valeu cada gole, com um belíssimo bacalhau. Feliz Páscoa!