O título do texto é propositadamente longo e estranho, pois estamos no Carnaval e pensei que isso poderia ser uma homenagem às escolas de samba que costumam batizar seus desfiles com coisas desse tipo. Mas em síntese o que pretendíamos na sexta-feira de Momo era um bom jantar entre amigos e um encontro absolutamente incomum entre um vinho norte-americano e um vinho chinês. Vamos ver o que ocorreu.

Já tinha provado dois chineses na vida. Mas definitivamente vinho servido em avião não é parâmetro para se determinar a qualidade de produção de um país. Passagem barata para a Espanha pela Air China, o carrinho de bebida foi e eu pedi um branco, voltou e eu pedi um tinto, e entre idas e vindas tomei dois negócios impossíveis de serem classificados como vinho. Tomei e detestei.

Mas ontem era diferente. O vinho oriental estava num estojo de madeira genial e no Atlas Mundial do vinho a Greatwall é um dos destaques. A uva é a mundialmente plantada e consagrada Cabernet Sauvignon. Nossas amigas que abriram destacaram as dificuldades para compra-lo e sugeriram que o preço foi elevado. A Muralha da China pontilhada em dourado no rótulo, como o nome da vinícola sugere, e a combinação de cores da etiqueta indicam que se trata de algo complexo. Mas de nada adiantou. O vinho, na minha opinião, era verdadeiramente frágil. Se uma bebida rara (o G7 é pouco encontrado até mesmo na internet) e conceituada de um dado país é isso, então definitivamente ainda falta muito. A dosagem alcoólica em 12,5% já havia me deixado desconfiado. Vinho ligeiro, sem expressão. Alguns dos presentes fizeram menções elogiosas. A única que consigo fazer é: que honra poder tomar um vinho trazido carinhosamente, aberto conosco e provado em noite tão especial. Mas a bebida não foi generosa com quem teve tamanho trabalho.

chinês

Já o império americano foi digno. Nenhuma sumidade, pois confesso que errei a garrafa ao sacar correndo o vinho da adega quando percebi que estava atrasado para o jantar. Mesmo assim, com um vinho inferior ao que eu planejava, não houve comparação. O Johnson Familiy, de Sonoma Valley, é bem mais encorpado que o normal para um Pinot Noir. Vinho quente, 14,5% de álcool, não carrega a delicadeza da casta e representa bem as descrições que fazem de sua localização específica na Califórnia. É mais intenso sem ser grosseiro, obviamente. Assim, não poderei o comparar com o presidente do país, o grosseiro e o intenso Donald Trump. Mas poderei lembrar aqui de sua esposa, Melania. Isso porque, antes dos tintos, para refrescar o paladar, abrimos dois vinhos. O segundo, um rosado esloveno da terra da primeira dama, da mesma uva do americano, se mostrou um verdadeiro chiclete de tão melado. Doce, ruim, e absolutamente capaz de destoar do branco, da mesma casa, que tomamos faz algumas semanas. Trata-se do dispensável Puklavec & Friends Delicious.

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Fontes: Vino Mundi (rosê) / Cellar Tracker (tinto)

No enredo das superpotências o esperado gigante norte-americano foi digno, seu par de uva esloveno, lembrando o casal que preside o país, foi tão ruim quanto os discursos iniciais da primeira-dama. Já o dragão chinês foi decepcionante. E pra registrar quem saiu ganhando nessa história toda, de verdade e sem sombra de dúvidas, fiquemos com um sauvignon blanc de 2009 da Nova Zelândia, isso mesmo, um branco de oito anos divino. Genial! O Grey Wacke wild sauvignon. E viva o carnaval.

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Fonte: Bebidas do Sul