Adquirimos o costume de beber espumantes rosados com um grupo de amigas que tinham nesse tipo de bebida uma marca registrada. Os rótulos variavam, mas era comum que fossem brasileiros ou espanhóis. Também conhecemos alguns champagnes desse tipo, e trata-se de uma bebida que costuma nos agradar bastante, desde que bem seco.

Faz alguns dias um casal querido nos chamou para um jantar com amigos. Devíamos levar dois espumantes brut, e optamos por levar um par de rosados. Por lá, coincidentemente, havia um terceiro, e a noite findou sendo marcada por tal característica. O intuito aqui não é apontar desafios de harmonização, mas apenas descrever um pouco o que tomamos, o que pode se tornar opção bastante interessante pela qualidade e pelo preço.

Os três vinhos eram nacionais, e o que os diferenciou foram as intensidades: um vinho mais encorpado no sabor, outro com toque mineral e um terceiro mais delicado.

O primeiro, por ordem de intensidade, foi o Bossa nº 3 da Hermann. De coloração mais vermelha que o habitual, parece um rosado de sangria. As uvas que lhe dão origem, diretamente das Serras Gaúchas, surpreendem pelo caráter inusitado da principal delas, acompanhada da cabernet franc e da merlot. Falamos especificamente da consagrada sul africana pinotage. Desconfio que seja ela a ofertar a esse vinho um caráter mais intenso, por vezes mais rústico, que faz com que se assemelhe a um pouco usual espumante tinto.  Bem interessante, uma experiência que havíamos tido na Bahia faz alguns dias e a repetimos nesse simpático jantar.

O segundo vinho é o campeão da noite, aquele que agradou mais: o Santa Augusta brut rosê. Trata-se de um catarinense feito no sugestivo município de Videira, distante 60 quilômetros de Água Doce, terra de uma vinícola muito especial, a Villaggio Grando. Com essa descoberta, começo a desconfiar que os catarinenses comemoram muito os vinhos das serras, sobretudo do trecho São Joaquim – Lages, mas na verdade parte do segredo do estado está mais a noroeste. O espumante que tomamos era frutado, mas carregava consigo um espírito mineralizado que agradou bastante a todos os participantes do evento. A exemplo de outro espumante do estado, o Pericó brut, o Santa Augusta é feito à base de cabernet sauvignon, mas leva outras quatro castas tintas que geram um resultado bastante agradável e mais suave que o Bossa – merlot, malbec, montepulciano e cabernet franc, que somam 55% da composição anunciada.

Por fim, o terceiro vinho é um Miolo cuvée tradition brut rosê. Certamente esse gaúcho é o mais suave dos três, sem perder sua característica seca e agradável. Trata-se do mais refrescante também. Conhecíamos o espumante brut dessa casa, que sempre nos agradou, e o rosado não deixou dúvidas de que se trata de algo muito bem feito.

Diante de tais apontamentos, é possível sugerir, dentro de suas características, quaisquer dos três rótulos para ocasiões distintas ou para uma brincadeira como a nossa. Com um destaque relevante: estamos falando de um trio de vinhos de menos de R$ 50 cada. Saúde!

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