Pelas minhas contas, e elas costumam ser precisas, nos últimos anos tomei tantos vinhos brasileiros tintos à base de cabernet sauvignon quanto espumantes feitos a partir de chardonnay nacionais. E essa dupla talvez seja o que o nosso país tem feito de melhor. Os borbulhantes colecionam prêmios internacionais, e a cabernet serve de base para a maioria dos catarinenses que tanto aprecio. Já falei deles aqui várias vezes, mas hoje vou me dedicar a três rótulos muito especiais tomados em tempos recentes. Todos eles de Santa Catarina.

O primeiro é o Quinta da Neve 100% cabernet sauvignon 2010. O rótulo segue o mesmo padrão dos blends que tanto gosto. A casa oferece duas opções possíveis de serem interpretadas da seguinte maneira: cabernet + merlot italiano e cabernet + merlot português. Ou seja: no primeiro se adiciona sangiovesi, e no segundo a touriga nacional. O lusitano me agrada demais. O puro cabernet sauvignon, sobre o qual falamos hoje, confesso que frustrou um pouco. Comprado na Essen de Florianópolis por cerca de R$ 50, ficou devendo. É um bom vinho, mas em relação aos seus parceiros de casa não deixará saudades, sobretudo porque costumam custar a mesma coisa. E se olharmos para os outros vinhos a seguir ele fica sensivelmente atrás, se bem que é cerca de 35% mais barato.

Fonte: Casa do Vinho
Fonte: Casa do Vinho

O segundo é mais um belo exemplar da Villaggio Grando, vinícola catarinense que não está nas serras, ali entre São Joaquim e Lages, mas sim em Água Doce, pertinho de Treze Tilhas, mais para o oeste do estado. Já tomei cinco diferentes rótulos dessa casa e sempre me surpreendo positivamente. Amigos que conhecem a bodega falam maravilhas delas. O primeiro contato foi com o Innominabile lote IV, faz alguns anos. Decantado, conforme manda a etiqueta traseira da garrafa, e servido com um ossobuco, ficou divino. Mas volto nisso outro dia. Hoje a atração maior é o cabernet sauvignon, rótulo preto, 2012. Comprado por R$ 79 no Natural da Terra, em São Paulo, valeu o investimento e trouxe grande satisfação. Aberto com uma hora antes de ser bebido e colocado no resfriador de vinhos ficou perfeito no verão paulistano.

Fonte: Trattoria do Vinho
Fonte: Trattoria do Vinho

Mas o terceiro vinho é o melhor dos três. Nunca o havia visto, tampouco ouvido falar da casa. Um amigo de Santa Catarina, verdadeiro farejador de bons vinhos nacionais e de casas menos conhecidas, trouxe faz alguns dias para um jantar de casais conosco. O vinho agradou a todos e custou R$ 76 em Santa Catarina. Trata-se do Torii 2008, produzido pela Hiragami, gigante local do ramo de frutas que começou a vinificar em 2001. A bebida é produzida na Villa Francioni, casa que conhecemos pessoalmente, e ficou muito boa. Devidamente resfriado aos 18 graus que sua uva pede, e servido uma hora depois de aberto, se mostrou encorpado e com muita vitalidade, mesmo depois de quase uma década de vida. Aqui, nesse trio de catarinenses que tanto me agradam pela acidez acima da média, o vinho “nipo-brasileiro” levou a melhor. Vale demais.

Fonte: Casa do Vinho
Fonte: Casa do Vinho