Faz alguns anos escrevi aqui sobre meu controle acerca do que bebo. Para além de quase 1.500 rótulos colocados em quase dez cadernos onde descrevo minhas aventuras, existe uma planilha de Excel onde visualizo e consigo todas as informações sobre o que apreciei no mundo dos vinhos. Adoro passar alguns minutos de minha semana observando particularidades desse universo. Por exemplo: 116 uvas catalogadas como a principal em 1.453 vinhos; bebidas de 31 países degustadas; dois terços do total em vinhos tintos e assim por diante.

Pois hoje foi um daqueles dias em que sem muita inspiração para escrever resolvi olhar para minha planilha e um dado me chamou a atenção. Pela primeira vez tive um mês de janeiro, desde 2011, em que não repeti uma única casta ao longo de todo o período. Ao todo foram 13 vinhos e 13 aventuras. Os brancos predominaram, e dentre eles a eterna querida Alvarinho, e as novas queridinhas: a Riesling e a Antão Vaz. A primeira predomina na Alemanha, mas foi da Austrália que veio o meu vinho de Natal já descrito aqui faz alguns poucos dias. A segunda é tipicamente alentejana e ainda estou atrás de um vinho 100% dessa casta para verificar o que ela realmente tem de interessante. Mas o fato é que tenho consumido bastante vinho que, mesmo minoritariamente, leva a Antão na combinação. E posso dizer que não tenho me arrependido: os portugueses cada vez mais escrevem maravilhas sobre ela, e eu cada vez me encanto mais. A bola da vez aqui foi o Reserva dos Clientes, mas sei que o Convento da Vila, bebido no aniversário da mãe de uma amiga muito especial de Natal também carrega essa “novidade”. Ambos são vinhos que em lojas comuns cabem no bolso.

Reserva dos cleinetsconvento-vila-branco-adega-de-borba-vinho-branco-do-alentejo

Fonte: Magazine Luiza e Cafurna, respectivamente

Poucos foram os tintos, mas entre as uvas que fazem os nossos vermelhos eu gostaria de chamar a atenção para o espumante rosado Mateus que bebemos na virada do ano feito sobretudo de Baga, uva bastante e muito bem utilizada pelo enólogo Paulo Laureano e seu farto bigode. Comprado por menos de R$ 70 no Carrefour em Natal-RN – e disponível em lojas de alguns aeroportos – entregou uma bebida bem agradável. Por sinal, não sou muito fã dos espumantes portugueses, mas faz dois anos que passo a noite da virada com seus borbulhosos rosados. A virada anterior foi com um Soalheiro que combinava a clássica Touriga Nacional com a idolatrada Alvarinho. Show!

mateus-sparkling-rose-brut

Fonte: Matar Saudades

Ainda nos brancos de janeiro destaco os dois vinhos do texto da semana passada, sobre os quais já falei, mas também trago aqui algo pouco comum, sobretudo no Brasil: um branco feito integralmente de Merlot e vindo da Itália. Aqui falo do Foffani, que estava mais intenso que a média e muito agradável. Já entre os tintos um Monastrell, um Pinotage e um Carmenere, todos bem comuns. Mas aqui abro espaço para a Pinot Noir, que tem tomado nossa atenção de tal forma que ano passado foi a segunda uva mais consumida em nossa casa.

33116_Detalhes

Fonte: Baccos

A história desse vinho eu contei em janeiro mesmo. Mas insisto: o suíço da região de Zurique que bebemos estava muito bom. Tão especial quanto um mês com tanta variedade, inclusive de países: Portugal, Brasil, Suíça, Itália, Nova Zelândia, África do Sul, Chile e Espanha. Ufa! Já imaginou férias passando por tantos lugares? Saúde!