“Escolher é excluir”. A frase tão usada pelo ex-governador paulista Geraldo Alckmin era bastante utilizada por Mario Covas, seu antecessor no comando do Palácio dos Bandeirantes até 2001, quando faleceu vítima de um câncer. Pois é: semana passada não escrevi para o Misturinhas porque estávamos em processo seletivo no mestrado da Uninove. Mais de uma centena de candidatos, número restrito de vagas e a sensação de que escolher é efetivamente excluir. Que venham os próximos anos e que em seleções futuras os bons possam sempre estar conosco.

Escolher também é correr riscos. Em outubro um casal rondoniense muito querido esteve aqui conosco e nos trouxe mais de cinco quilos de peixe. O dourado foi dividido e congelado, rendeu um belo almoço e ainda valerá outro. Mas o maravilhoso tambaqui inteiro era filho único. E não podíamos errar. A receita eu sei que daria certo, afinal de contas sou casado e guiado por uma chefe profissional. O peixe foi ao forno e de lá saiu divino, como sugere a foto. A receita? Acompanhe no Instagram do Misturinhas. Isso é com a Karyna.

49808014_2057233117694109_2648017427278856192_n 49708584_2057233027694118_7356005881021988864_n

Mas eu não podia deixar de acertar no vinho. E desde que eles disseram que nos trariam o peixe estava sonhando em harmonizá-lo com um belíssimo e delicado Alvarinho do norte de Portugal. Pra falar a verdade, desde que comi meu primeiro tambaqui em Porto Velho, com muita cerveja, penso o que seria daquela iguaria perfeita com um belíssimo vinho branco. Pois chegou o dia e tive que fazer a escolha: o raro Milacrus da Quinta da Teimosa, onde ficamos hospedados em 2016, ou o tecnicamente genial Soalheiro Primeiras Vinhas que trouxemos direto da vinícola?

Dias me consumiram com essa dúvida. Pesquisei na internet, busquei entender o que o pessoal do norte toma com esse peixe e do pouco que encontrei vi prevalecer a Chardonnay. Não! Definitivamente não era isso o que eu queria. Meu peixe amazônico não é tão óbvio assim. Mas qual Alvarinho escolher?

Foi quando eu pensei que essa uva, em se tratando do meu gosto pessoal, também poderia ser muito óbvia. E resolvi apostar naquela que tem chamado muito a nossa atenção desde o ano passado: a Riesling. Isso porque lembrei de bons peixes que comi numa viagem de trabalho para a Alemanha acompanhados dos brancos de lá. Era isso! Mas só no que diz respeito à uva, pois eu não estava convencido de que a doçura alemã seria o ideal para nossa aventura gastronômica. Foi quando lembrei do neozelandês chegado recentemente de uma bela compra que fiz no Evino.

Paguei R$ 80 pelo vinho, o que em se tratando da receita merecia muito mais. Porém, definitivamente acertei em cheio ao servir o Yealands Land Made 2016. O padrão mais mineral dos vinhos dessa uva vindos da Oceania não me trairia. E foi uma harmonização espetacular para comemorarmos, com um peixe divino, o “Natal” de nossa família paulista que sempre ocorre nos primeiros dias de janeiro. O vinho vale pela delicadeza e pela capacidade de harmonizar perfeitamente com nosso almoço. Até minha mãe que não costuma beber muito aceitou a segunda taça. Saúde!

1684510-standing-front

Fonte: Evino