Adoro viajar para locais que produzem seus próprios vinhos. A afirmação se encaixa facilmente aos passeios internacionais, mas destaquemos que alguns estados brasileiros merecem atenção especial quando o assunto é a nossa bebida predileta. Já falei sobre vinho paulista, mineiro e catarinense em nosso blog, hoje quero falar sobre o Rio Grande Sul – o mais tradicional produtor de vinho nacional.

Como o que não falta é assunto quando os gaúchos são postos no centro desse debate, me concentrarei apenas em minha primeira visita com fins mais gastronômicos a Porto Alegre. A cidade eu já conhecia, mas aproveitando o lançamento de um livro sobre coligações eleitorais para o qual escrevi um capítulo, tive tempo para conhecer alguns rótulos que não chegam em São Paulo – ao menos nunca os vi por lá.

O roteiro começou com um almoço no concorrido restaurante Del Barbieri – com menu único sob reserva que durante semana custa R$ 55. Muito bom. E bebemos aqui um Solera Tannat reserva que, apesar de estar totalmente fora da temperatura de serviço, uma pena, mostrou-se muito agradável. Bem mais tranquilo que alguns uruguaios e, a despeito dos cinco anos de vida, ainda bem agradável. Ademais, notei logo no começo da aventura, que é possível encontrar vinhos de pequenos produtores estaduais em bons restaurantes da capital – a carta de tintos só possuía um rótulo argentino e todo o resto era gaúcho. Ótimo!

Se comecei bem o final de semana, a noite de sexta-feira ficou reservada à cena cervejeira da cidade, que é maravilhosa em matéria de um amplo universo artesanal produzido no estado. Mas o objetivo eram os vinhos, e sábado garimpei lojas e locais interessantes. No bairro Moinhos de Vento duas lojas me chamaram a atenção. No Armazém dos Importados uma ótima gama de produtos gourmet e um espaço exclusivo onde se destacam os vinhos Importados. Por lá os nacionais têm apenas uma pequena prateleira, e como o objetivo era a bebida da terra, ignorei o passeio.

De lá fomos para a Terrunyo, mais sofisticada na decoração, menos completa, mas com um atendimento muito simpático. Lá também não encontramos muitas alternativas nacionais, mas comprei um vinho da Bodega Sossego, o Campaña Cabernet Sauvignon que nunca havia visto. Mais um ponto para o meu curioso paladar que dividirei com outros 1.999 compradores de um lote de apenas duas mil garrafas…

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Mas foi em Santa Cecília, bairro menos nobre que o anterior, que encontramos a Casa dos Vinhos – nascida para vender vinhos do estado, que se flexibilizou e oferece alguns importados, mas indiscutivelmente tem no solo gaúcho seu forte. E haja força. O atendimento é muito bacana, e o sommelier tem o mapa do estado na cabeça. Espumantes e tintos comandam as gôndolas, e não faltam produtores grandes, médios e pequenos. Ótimo lugar para que eu cumprisse minha tarefa principal: comprar vinhos do Sul, algo que cada dia mais precisa ser valorizado. Em minhas compras apelei para um Boscato feito com Touriga Nacional, para um jantar português servido à noite por um grande amigo – a bebida foi uma decepção, doce e frágil. E para as uvas raras. Queria um Refosco do Rio Grande, mas havia acabado. Me contentei com um Don Guerino feito com Teroldego, e um Pizzato com Egiodola. Duas castas novas para minha coleção, que certamente serão descritas quando apreciadas. Viva Porto Alegre e a facilidade para se encontrar vinhos da terra.

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