Relatei com água na boca o “baile de Carnaval” do espumante que fomos em Pinto Bandeira. Uma festa agradável, com música de qualidade e rótulos para serem livremente degustados. Do vinhedo vizinho àquele em que estávamos a Vinícola Valmarino se fez presente na festa e nos surpreendeu com seu espumante tinto, mas principalmente com seu Nature Brut. Um vinho safrado dos melhores espumantes que bebi nesse país. Algo correto, honesto demais. Show!

Foi rodando pelas estradas para voltar a Porto Alegre que demos de cara com a vinícola. Era uma terça de Carnaval, e não resistimos à entrada. A moça que nos atendeu se dedicava a uma degustação de um grupo de turistas, e nos pediu um pouco de paciência. Claro! Toda do mundo.

Nos falou um pouco da casa, dos seus vinhos, e curioso comprei um Sangiovesi que parecia muito bacana. Ademais, levei o espumante da festa. Fiquei curioso pelo top das borbulhas, mas como tinha muita coisa pra trazer pra casa deixei para uma próxima.

Quando cheguei em Porto Alegre vi que um engano havia sido cometido. A moça embrulhou o rosê, ao invés de me dar o tinto. Quando nossos amigos encontraram vieiras no freezer o desencontro se fez alegria. Perdi o Sangiovesi, mas ganhei uma das melhores harmonizações do ano. Foi divino.

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Fonte: vinícola

Pois bem: sexta-feira retrasada eu e a Ka combinamos de voltar juntos do trabalho de metrô. Eu sairia da estação Vergueiro, e a encontraria no Paraíso – dá até piada. De lá rapidamente estaríamos na Vila Madalena e em poucos minutos em casa. As baterias dos celulares estavam no fim e colhemos um desencontro. Fomos conseguir nos ver nas catracas da estação final, e depois de tentar entender onde erramos no combinado rimos. Caminhando para casa, um pouco depois do imaginado por conta da trapalhada, entendemos que seria legal tomar uma cerveja na Beer For You da Vila Madalena, ao lado do metrô. Por que não? Um chope rápido e rumo ao lar.

Foi o que fizemos, mas ao lado da simpática loja de cerveja existe a Deli da Villa, um café, brigaderia, empório e adega – R. Cristóvão de Burgos, 74 – loja 05. Tudo junto, num ambiente muito agradável e bem montado. Foi paixão à primeira vista. Lugar simpático. Mas a história está apenas começando. Quem nos atendeu foi uma moça chamada Amanda, extremamente atenciosa e amável. Caminhamos até a pequena adega que fica embaixo de uma escada e logo percebi algo bem interessante: “vocês trazem Pizzato e Valmarino?” – perguntei incrédulo com o achado de duas das casas que mais me agradaram no Carnaval. E a resposta: “sim. E outras tantas vinícolas nacionais legais”. Percebi logo que o forte da casa eram os vinhos brasileiros, e me surpreendi positivamente com a qualidade do que eles têm ali. Os preços variam, e tem coisa perto do valor cobrado no sul, mas também alguns desvios comuns à lógica tributária e comercial.

Meu primeiro encontro foi com o Casa Venturini Reserva Tannat, um vinho da Campanha que me agrada demais. Mas não resisti quando encontrei com o Valmarino Sangiovesi, ali, na minha frente. Pedindo para ser levado, ou aberto já. A segunda opção venceu. A charcutaria e a variedade de queijos permitem a confecção de uma tábua simpática a preço muito correto. O vinho estava muito bom, e a Valmarino parece que se encaixará facilmente na minha lista de vinícolas que não erram. Muito bom, sobretudo com o rosbife caseiro trazido por Luís, o proprietário. Aqui outro capítulo à parte: figura simpática, de família italiana, sentou-se conosco e a conversa foi longe. Experiências, sugestões e todo tipo de assunto que nos carrega para um universo que amamos.

Sang

Fonte: Sonoma

Na hora de partir, duas garrafas na sacola, além daquela consumida, um pouco de rosbife pra viagem e da tábua consumida. A conta ficou em R$ 200. E a volta está absolutamente garantida para breve. Muito breve, sobretudo porque entre encontros e desencontros descobri na conversa que aquele Alvarinho brasileiro da Hermann está na adega.