Essa talvez tenha sido a mais difícil escolha de hospedagem nessa viagem de julho para a Alemanha e França – muitos locais pareciam bacanas, e definir foi complexo. Saindo da Basiléia, na Suíça, subimos pela Alsácia e nos deparamos com vilas, vistas e vinhedos impressionantes. Nossa passagem pela região da Floresta Negra havia sido inesquecível, e mais uma vez optamos por ficar num vilarejo pequeno, encostados em vinhedos e com muitas vinícolas em volta. Foi isso o que tivemos em Kientzheim, cidade minúscula, murada e repleta de história e gente simpática.

A Hostellerie Schwendi é nitidamente um negócio familiar tocado por gente que tem orgulho do que faz. Entre o francês e o alemão optamos por falar a língua mais próxima da nossa, mas alguns por ali falavam inglês e teve quem se fez entender em italiano. Maravilha. O importante era o sorriso no rosto e o gosto pela vida. Perfeito. E foi assim que encontramos um quarto delicioso com vista para a pequena praça, tão aconchegante que enquanto minha esposa falava com minha sogra pelo WhatsApp, fiz questão de dançar para as duas sob a lua da madrugada local. Durante o dia, ao andar pelas ruas estreitas não foram poucos os produtores encontrados com suas pequenas lojas onde se lia “venda de vinhos – aberto”. A cidade também tem um pequenino museu do vinho, repleto de equipamentos antigos e muito interessantes. Bem bacana a barata, rápida e simpática visita. Vale? Numa cidade pacata e romântica é claro que sim.

Os arredores são repletos de locais semelhantes. Colmar é a cidade mãe, com muito turismo, restaurantes e um agito delicioso. Outros povoados foram visitados e bebemos muito vinho. Que noites agradáveis. A mais deliciosa de todas elas o nosso aniversário de 14 anos de casados, e 15 de namoro. O restaurante do nosso hotel era o ponto mais agitado de Kientzheim, e diante de um cardápio delicioso, de um serviço bem prestado e de um local cheio em plena noite de terça-feira, foi inevitável provarmos o vinho da casa. Ficamos com Riesling muito bem feito, que merecia ter vindo conosco na bagagem já abarrotada. Uma pena.

Schwendi

Fonte: Lonely Planet

No dia seguinte o evento mais esperado dessa passagem pela região. A exemplo de 2012, quando sem querer cruzamos com o Tour de France na região de Champagne, dessa vez a mais famosa competição ciclística do planeta passaria pela Alsácia durante nossa estadia. Estudamos o fechamento das estradas, e optamos por não assistir a saída (vista sete anos atrás), tampouco a chegada. Preferimos cruzar cerca de quatro quilômetros a pé pelas estradas dos vinhedos repletos de Riesling para ver como o povo reage à passagem dos ciclistas que cruzariam aquele local deslumbrante. É impressionante o amor e a dedicação do povo europeu à competição. E foi assim que esperamos por quase três horas algo que durou poucos segundos. Do centro da cidade ao lado vimos os atletas voando em suas bicicletas, assim como acompanhamos todo a imensa estrutura de patrocinadores, equipes, seguranças e jornalistas. Mais uma vez algo a ser sentido de perto por quem ama o esporte sobre duas rodas, mas principalmente pelos amantes das paisagens repletas de vinhedos.