Sei que está escrito que temos aqui um espaço para falar de vinho. E sou fiel a essa lógica faz muitos e muitos meses. Assim, não vou trair os leitores e obviamente não deixarei os vinhos de lado. Mas para chegar até eles teremos que falar de cerveja. Pode ser?

Quantos textos você já leu nesse blog falando de Alvarinho? Certamente muitos, pois se trata de minha uva branca favorita, e adoro falar sobre ela. No final do ano passado e começo desse 2018, lá estava eu entre a Galícia e o Minho tomando Alvarinho – até rimou! Pois bem: cá estou eu de volta para um Congresso na região. E para não perder o costume de passar por algumas aventuras bacanas, aqui vou eu contar algo muito legal.

Em dezembro bebi uma cerveja artesanal minhota – gentílico para quem é originário do Minho – chamada Letra. Cada garrafa tem uma letra e representa uma receita. A “F” é a IPA, e estava muito boa.

Quando cheguei à Braga fui procurar saber onde eu poderia encontrar a LETRA – afinal de contas a bebida é daqui. E descobri algo muito bacana: a fábrica tem um bar no Porto e outro anexado à produção em Vila Verde – 15 quilômetros de Braga. Terminei de apresentar meu trabalho, o Congresso encerrou suas atividades no dia, e lá fui eu atrás do bar para jantar.

Tomei cerveja, comprei camiseta, comi hamburguer, levei garrafas pra casa, comi sobremesa e gastei menos de trinta euros. Fui atendido por um gaúcho, casado com uma portuguesa, chamado Eduardo. Pense num cara bacana, gente boa demais, encantado com o que faz, entusiasta e entendedor da cerveja que vende. Baita papo agradável. Pois é: foi o que encontrei, para além de uma decoração super bacana e um ambiente bem legal. O bar, chamado LETRARIA, é separado pela fábrica por um vidro e serve boa parte de seu acervo na pressão (genial!). E tudo está lá: bem transparente. Os donos são doutores em engenharia, e acadêmicos parecem que se farejam, se aproximam. Fiquei maravilhado.

Letra 3 Letra 4

Tudo estava perfeito, bem interessante, quando descobri o que me permitiu escrever esse texto. Para além das LETRAS – de A a F com tendência a seguir adiante no alfabeto – a fábrica produz vários rótulos em parcerias. Algumas delas com produtores de vinho, mas a principal novidade é um rótulo chamado Grape Ale feito com Anselmo Mendes. Isso mesmo: o mágico dos alvarinhos! COm assinatura dele na garrafa e tudo o mais! Eduardo me contou que houve uma tentativa de se utilizar minha uva favorita, mas a cerveja findou feita com Loureiro, uma casta bem comum ao norte de Portugal. Provei a bebida e ela entrega rigorosamente o que sugere: trata-se de algo refrescante, capaz de justificar o encontro de uma Ale tranquila e um vinho verde – digamos assim. Andando pelo pequeno espaço da fábrica me deparei com uma barrica de Mendes, e logo lembrei da Quinta da Teimosa, onde fiquei hospedado no finalzinho do ano. Recordei de Pedro, dono da casa, falando da generosidade de seu amigo Anselmo Mendes com as barricas e com a produção dos demais colegas empresários. Fiquei encantando, e bebi ainda mais feliz minha Grape Ale. Genial!

Letra 2 Letra 1