Uma tarde dessas recebo mensagem de um querido amigo, que em outrora ousei chamar de aluno em sala de aula. Um cara divertido, humor ácido, e sempre pronto para uma boa conversa sobre política, vinhos ou cervejas. Ou seja: sobre a vida. Em Harvard foi parceiro dos melhores em torno de diferentes aventuras no Park, aquele que chamamos de nosso “bar de estimação”. Melhor deixar pra lá, pois é preocupante ter um “bar de estimação”. Ok. Confesso… Mas foi apenas uma semana de curso.

Para dar asas a uma brincadeira, ele me pedia 20 vinhos de até R$ 100 que pudessem ser facilmente encontrados em BOAS lojas brasileiras. Nada podia ser resultado de saldões ou coisa parecida. Para chegar ao resultado final fiz rápida pesquisa na internet, selecionei vinhos que conheço e utilizei para tanto os seguintes critérios adicionais:

– Dois vinhos de cada uma das grandes lojas em que mais compro: Mistral, Vinci, Grand Cru e World Wine;

– Quatro vinhos de cada loja VIRTUAL onde mais compro: Evino e Wine;

– Dois vinhos de lugares perto de casa onde compro: Cavatappi e Empório Imigrantes.

 

Com essa lista completei facilmente as 20 garrafas e fiz a alegria de meu amigo – que me garantiu que vai comprar e beber a relação completa. A partir disso, perguntei: por que não compartilhar o resultado aqui no blog? Pois bem: divirta-se e saúde! Como costumo fazer, tem vinho pra todo gosto: rosé, branco, tinto e espumante. De vários países.

 

World Wine

– Garzon State – pinot noir – rosé – Uruguai – R$ 80

– Rigal – The Original Malbec – tinto – França – R$ 91

Aqui escolhi um uruguaio de uma casa que visitei e não costuma errar vinhos brancos e rosados, e um francês para desmistificar um pouco o que o brasileiro conhece sobre a malbec – normalmente vinhos argentinos. Que tal um incomum francês, que remete às origens da uva e nos traz uma bebida mais leve? Essa provocação eu já fiz em meados do ano passado.

Garzon

 

Grand Cru

– Victoria Geisse Extra Brut Vintage Rosé – espumante – Brasil – R$ 80

– Alceño Premium 50 Barricas Syrah – tinto – Espanha – R$ 100

Tinha que ter um espumante brasileiro de qualquer maneira, e essa casa é estupenda na arte de produzir bons vinhos. O espanhol eu conheci numa promoção de outra casa e tomei porque tinha uva francesa em solo espanhol. A curiosidade me fez um bem imenso.

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Mistral

– Altano – tinto – Portugal – R$ 97

– Marius Rouge – tinto – França – R$ 93

O português é velho conhecido, um vinho bem agradável que merece atenção por ser de uma casa bastante conhecida. O francês é interessante. Não o comprei na Mistral, mas sabia que essa era a importadora. Aqui temos dois vinhos bem divertidos.

ALTANO

 

Vinci

– Vega del Castillo – Garnacha – tinto – Espanha – R$ 95

– Lo Abarca Pinot Noir – tinto – Chile – R$ 95

Irmã da casa acima, a Vinci prima pela simpatia. O chileno eu ganhei de presente e como tenho tomado muito pinot noir nos últimos meses, achei que esse podia representar bem a casta. Já o espanhol é simpático, e foge da obviedade dos tempranillos – que eu particularmente gosto bastante. A garnacha é comum da Catalunha até quase o norte do país quando o assunto é a fronteira com a França, que utiliza demais essa uva. Foi a casta que mais bebemos ano passado!

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Imigrantes

– Evel Douro – tinto – Portugal – R$ 92

– Luccarelli Primitivo Puglia – tinto – Itália – R$ 70

O italiano é um dos vinhos mais baratos dessa série. Prima pela honestidade, entrega uma bebida bem correta, mas já o encontrei a preços mais convidativos. Já o português é um representante a mais do Douro, e trata-se de uma experiência agradável.

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Cavatappi

– Little James basket press – tinto – França – R$ 96

– Casa Ermelinda Freitas Touriga Nacional – tinto – Portugal – R$ 80

O francês é uma experiência muito bacana. Posso dizer quase rara em matéria de grande comercialização, mas historicamente famosa. O “basket press” consiste num modo específico de retirada dos sucos da uva para a produção do vinho – divirta-se pesquisando! Já o português vem de uma casa bem comercial que se notabiliza por fazer vinhos acessíveis – sobretudo em Portugal – e uma coleção grande de monovarietais, quebrando a tradição local dos blends.

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Wine.com.br

– Protos D.O. Rueda Verdejo – branco – Espanha – R$ 83

– Fantinel Refosco Borgo Tesis Doc Grave – tinto – Itália – R$ 82

– Cepa Alta Roble D.O. Ribera del Duero – tinto – Espanha – R$ 80

– Clos de Los Siete by Michel Rolland – tinto – Argentina – R$ 92

O branco é um espetáculo, vindo de uma região onde a uva verdejo é a mãe de todos os vinhos. Um frescor muito divertido. Fica a oeste da Espanha, pertinho de locais como Ribera del Duero e Toro, por exemplo. Uma cidade pequena com grandes vinícolas. A Protos, famosa em Ribera, está ali pelo vinho branco. O italiano traz a uva que tem me encantado nos últimos anos, a Refosco. Vale a experiência, e esse rótulo é bem honesto. O Cepa Alta eu tomei em Natal, mas confesso que foi um crianza, e não o roble. Espero que o “mais barato” daqui acompanhe o “mais caro” em honestidade. Por fim, o argentino, para não deixarmos de contemplar o queridinho dos brasileiros. Aqui, no entanto, nada de 100% malbec. O Clos de los Siete teve seu auge no Brasil, assim como o Alma Negra. Hoje entrega um blend bem correto.

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Evino.com.br

– Clos Gebrat Priorat – tinto – Espanha – R$ 90

– Costers del Gravet – tinto – Espanha – R$ 90

– Bad Boy rouge – tinto – França – R$ 90

– Yealands Land Made Riesling – branco – Nova Zelândia – R$ 65

Esse portal tem me chamado a atenção por me entregar vinhos que até agora não deram errado. Mais duas ou três garrafas que tenho em casa e ele merecerá post exclusivo no Misturinhas. Os dois espanhóis são da Catalunha. Da parte que sabe fazer tintos:  Priorato e Montsant. São vinhos mais minerais e muito corretos. O Bad Boy é o vinho de entrada do produtor francês que popularizou o vinho de garagem. Fiquei hospedado em seu edifício no coração de Saint Emilion e realmente os resultados dos vinhos são muito legais. Aqui o mais simples, tendendo a uma doçura que nem sempre agrada. Por fim, esse branco da Nova Zelândia que é um espetáculo e harmonizou perfeitamente com meu tambaqui de janeiro. Todos os vinhos aqui estão com desconto anunciado, pois a Evino só vende vinho assim…

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Quem me conhece deve estar se perguntando: não tem UM alvarinho sequer? Pois é. Anda difícil encontrar meus queridinhos por menos de R$ 100, mas seria óbvio demais os colocar aqui. Saúde!