Faz doze anos passamos o Carnaval nas Serras Gaúchas. Em 2007 foram alguns dias na região de Gramado e Canela, e outros poucos em torno de Bento Gonçalves. No primeiro caso puro turismo, no segundo um enoturismo sonhando com enogastronomia.

Gramado e Canela, em 2012, foi visitada de novo. Uma tragédia. Turismo predatório de qualidade duvidosa. Pegadinhas e mais pegadinhas, sobretudo em Gramado – Canela ainda se salvava. Uma pena. Mas com Bento Gonçalves e região a história é completamente diferente. Em 2007 os produtores de vinho recebiam de forma amável, mas com pouca estrutura de enoturismo, sobretudo num universo mais sofisticado.

O que havia eram visitas guiadas com grandes grupos em casas como Salton e Valduga, o resto era boa vontade. Isso está longe de nos agradar, mas trata-se de algo simpático e introdutório, o que foi muito bacana à época. Assim, as exceções eram as mais famosas, mas quem disse que desejávamos essas? Quando encontrávamos aquelas menores – em 2007 – era tudo muito simples, sendo Cave Gueise e Dom Giovanni bons exemplos desse sentimento à ocasião. Ótimos espumantes, mas pouco enoturismo.

Em matéria de restaurante a coisa era ainda mais crítica. Tudo parecia fechar às 15h00 e o cardápio era rústico e pouco variado. Fomos embora felizes, mas a partir de 2009, quando começamos a conhecer o Velho Mundo e seu enoturismo, a região gaúcha não deixou qualquer saudade. Talvez por isso tenhamos demorado tanto a voltar.

A história começa a mudar sob uma lógica associada ao BOM vinho: nada como o tempo para mostrar o que existe de melhor. Assim, foi bom ter demorado. E voltamos. Doze anos depois, no mesmo feriado. Nos últimos meses tive a chance de ter o jovem e extremamente competente prefeito de Bento Gonçalves em sala de aula duas vezes. Depois de mais um encontro em novembro de 2018 resolvemos colocar em prática a promessa de passar novo Carnaval na cidade. E com um casal querido de amigos rumamos para o mundo do vinho gaúcho. Que golaço. Que acerto impressionante. A estrutura é outra. E muito melhor. O turismo está longe de ser predatório, e parece casar bem com a rotina local. Para termos uma ideia, fevereiro e março é tempo de vindima e as casas estão trabalhando diariamente.

CRN1

Diante de tal constatação passarei as próximas semanas louvando o que encontrei pelo local. Deixarei dicas e incentivarei de forma incisiva que os amantes do vinho conheçam Bento Gonçalves. Que marquem bons encontros com os espumantes, o que se produz de melhor. Mas que também não deixem de mergulhar nos tintos, nos brancos e, inclusive, nas cervejas artesanais que buscam espaço e mostram força intensa por ali. Diversão garantida e qualidade alta demais. Turismo predominantemente adulto, de ticket médio mais alto que de costume, mas facilmente passível de ser taxado de barato por quem mora em São Paulo ou por quem viaja pelo vinho europeu. Vale demais.

CRN4

Assim, deixemos de lado qualquer preconceito ou complexo de inferioridade e viajemos para Bento, arredores, e suas vinícolas, restaurantes, hospedarias etc. Compensa cada minuto, inclusive em comparação com outros lugares do mundo do vinho. Para os iniciantes é um belo modo de iniciar o amadurecimento para voos internacionais; para os expedientes, um capítulo bem bacana de enoturismo a ser cumprido em português, com diversificadas opções de experiências no universo do vinho. Pegue um voo, alugue um carro em Porto Alegre – o aeroporto de Caxias é muito traiçoeiro em matéria de meteorologia -, dirija 100 quilômetros, cuidado com as degustações quando estiver ao volante e divirta-se. Mais detalhes nos próximos posts. Saúde!

CRN3