Nunca ouvi alguém dizer: “isso é bobagem, odeio”. Vinho é algo que encanta, envolve ou gera respeito. Já ouvi coisas do tipo “não entendo, não gosto muito, mas acho interessante”. Mas cada vez é mais comum ouvir algo sobre alguma experiência vivida, até mesmo de pessoas que não esperamos que entenda ou que goste da bebida. Assim, uma coisa é fato: vinho gera conversa, e é um ótimo tema para abrir portas, quebrar gelo, ofertar boas risadas e grandes recordações.

Quando comecei nesse blog falei para um amigo que estava escrevendo. Na verdade ele vive do mundo dos vinhos, entende absurdos da bebida, leciona, orienta, comercializa, domina e desde criança se viu envolvido com a adega do avô, fantástica, plena de vinhos franceses da Borgonha e de Champagne, se não me engano – e queria ter certeza, mas eu era criança desinteressada pelo tema quando frequentava a mesma casa. Falei envergonhado, quase lhe pedi autorização para escrever. Disse que meus textos eram simples, descreviam apenas sensações e buscavam abrir portas e gerar o prazer das boas conversas entre amigos que investem aqui um pouco de tempo para relaxar, ler e sorrir. E ele me disse: “ótimo, isso é importante, desmistifica, simplifica, torna agradável”. Fiquei orgulhoso de fazer esse trabalho.

E assim tem sido meus textos aos sábados e muitas das conversas pelo mundo. Dia desses, em um evento sobre transparência e democracia me sentei ao lado de um desses grandes caras que buscam transformar a política por meio de ações e de seu ativismo. Gosto dessas junções, pois acredito no que faço como educador político e admiro quem esteja fazendo alguma coisa. Democracia precisa de ação, atitude, respeito e tolerância. Não nos conhecíamos bem pessoalmente, talvez ainda não nos conheçamos o quanto podemos. Mas nos tínhamos no Facebook por questões da vida profissional, de política, e de admiração profissional. Quando falei em vinho na mesa sorrimos. E dia desses vi um post dele nas redes falando sobre a bebida que sua família produz na Argentina – seu país de origem. Assim, desvendei algo novo sobre aquele novo contato pessoal. Pedi uma caixa, recebi a bebida e falarei dela assim que beber. Parece algo feito com carinho, repleto de valores.

Assim, me conectou a uma palestra que assisti da Ka essa semana falando sobre tendências de gastronomia na cidade de São Paulo. Ela dizia que um negócio de sucesso dessa natureza precisa de uma história, de uma narrativa que não seja fake e que gere bem estar, acolhimento, interesse. Já fui a vários restaurantes com história, algumas encantadoras que me fizeram voltar por conta disso. O vinho não fica nem um centímetro atrás: vinho conta história, e por isso é tão bacana ler rótulo, visitar vinícola, entrar no site e, principalmente conversar sobre produção, uva, sensações e sentimento mesmo que pouco saibamos, que estejamos a descobrir, a perceber e a testar. Saúde! A uma boa taça, mas principalmente um brinde a uma história que nos leve a mais uma amizade.

 

Confraria-de-Vinhos

Fonte: Gourmmelier