“Saca essa rolha” é um nome bem bacana pra uma coluna de vinho, e como assinante do Estadão costumo acompanhar dicas e percepções da Isabelle Moreira Lima. A mais recente a me atrar tratava dos campeões da Grande Prova de Vinhos do Brasil – a sexta edição que reuniu 827 amostras no Rio de Janeiro, de 125 produtores distribuídos em 33 categorias. Como amante do que se produz em nosso país, não podia deixar de conferir o que conheço e o que desejo provar – lembrando que esse ano o Brasil está, pela primeira vez, na liderança entre os países que mais bebi.

A decepção da relação se dá na ausência de catarinenses e no louvor extremo aos gaúchos. Paciência. Parte do que se admira no mundo dos vinhos é muito pessoal, e indiscutivelmente o Rio Grande do Sul tem avançado muito. A despeito da tristeza inicial, muita coisa ali é bacana demais. Outras não conheço, e confesso não fazer muita questão de ir atrás, sobretudo dos espumantes mais doces que, a despeito de respeitadíssimos pelo mundo, não fazem meu estilo. Outro ponto que merece atenção são as surpresas que aguçaram minha curiosidade. Vamos aos meus destaques.

Entre os espumantes brut – branco ou rosado – destaque para a Cave Geisse (branco método tradicional) e a Casa Valduga (rosado método tradicional), dois velhos conhecidos nossos que entregam aquilo que valem. Merecido demais, apesar de não ser eu, exatamente, a pessoa mais indicada para dizer quem deva ganhar algo desse tipo. No método charmat, que não faz muito nosso estilo, mas por vezes bebemos, nada de conhecido em casa. A Geisse volta a aparecer com a vitória nas duas categorias, branco e rosado, dos extra-brut. Aqui com seu Victoria, que não tive o prazer de conhecer.

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Fonte: vinícolas

Entre os brancos noto que não conheço os vencedores. Fico contente que a Aurora seja premiada com a uva Riesling num vinho extremamente acessível, o seu Varietal que não custa mais de R$ 40, bem como a Dom Pedrito com seu Sauvignon Blanc Obelisco, que na loja virtual da vinícola é anunciado por R$ 37. E fico extremamente curioso com o Alvarinho da Miolo, minha uva branca predileta. Nunca tomei esses vinhos, e o trio passa a integrar minha lista de desejos.

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Fonte: Melhor Vinho

Entre os tintos me surpreendo com o prêmio dado ao paranaense Augustfólia 2012, Cabernet Sauvignon. A safra 2010 que provei estava distante de receber homenagens desse tipo, mas escrevi à época que o vinho podia crescer e melhorar. Deu certo! Entre aqueles que eu conheço a mais justa comemoração pra Guaspari e seu Vista da Serra feito com Syrah, apesar de o Vista do Chá ser mais gostoso e o Vale da Pedra mais acessível. A Guatambu beliscou um prêmio com seu Tempranillo, que não conheço e fico imaginando se pode ser tão bom quanto o Tannat, que muito nos agrada. Por fim, curiosidade aguçada com casas como a Cave Antiga (premiada com seu Sangiovesi), a Família Bebber (e seu Tannat) e o Teroldego da famosa Lídio Carraro. No mais, a maioria das casas eu conheço, mas os seus premiados nunca bebi. Saúde! Que o vinho brasileiro continue vivo e absolutamente capaz de trazer boas e acessíveis surpresas.

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Fontes: Gazeta do Povo / Vino Mundi