Na semana passada o título de nosso encontro era: “As duas uvas que mais bebemos”, e terminei meu texto perguntando se o leitor não estava sentindo falta de nada para além da Tempranillo. A resposta era fácil: da segunda uva. Pois bem: não posso fugir do compromisso. Hoje trataremos da segunda uva que mais bebemos nos últimos anos. Se a primeira caracteriza um país, e mais de 80% dos vinhos que consumimos dela são espanhóis, a nossa segunda casta não é exatamente algo que procuramos, buscamos, admiramos e localizamos em termos geográficos.

A Cabernet Sauvignon, chamada por muitos de a “rainha das uvas tintas”, se adapta bem em diferentes lugares do mundo, é plenamente conhecida e as estatísticas mostram se tratar da casta mais cultivada no planeta para os fins de uma bebida mais elegante. Assim, aqui já bebemos vinhos de países como: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Israel, Líbano, Peru, Portugal, Rússia e Uruguai. As percepções, nesses casos, variam bastante. Dos maravilhosos Domaine Haut-Passeloup, de Margaux na França; Petit Castel de Israel; Chateau Kefraia do Líbano; Sassicaia da italiana Toscana e; Almaviva do Chile. Aos impossíveis Kohlberg, Intipalka e Rolf Willie, respectivamente um boliviano, um peruano e um alemão. Do distante Beaephnkob, de Rostov, na Rússia, ao nacional Quinta da Neve, de Santa Catarina – dois rótulos muito corretos. Isso contando apenas os vinhos onde a Cabernet Sauvignon predomina, ou seja, descontada uma infinidade de blends onde ela participa minoritariamente.

Domaine-du-Castel-101104433.jpg.jpgKefraia

Fonte: Bottlerocket Wine & Spirit e Zahil,  

Para completar nossas aventuras, e nossa adesão a essa uva que em 2011 não estava sequer entre as quinze castas mais consumidas em casa, pois preconceituosamente a considerávamos óbvia demais, é importante registrar, a despeito do caráter nobre atrelado ao compromisso com vinhos tintos, que já bebemos rosados a base de Cabernet Sauvignon e até mesmo um espumante. No primeiro caso destaque quantitativo para os catarinenses, mas qualitativo para o corretíssimo L’Orangerie de Carignan que a leva em 50% de sua composição. No caso do espumante a belíssima surpresa da Pericó, com seu Cave Brut. Um espumante agradável feito fortemente a partir de nossa uva.

LCPerico Brut

Fontes: World Wine e Viva Wines

Assim, a despeito de tê-la evitado no passado e a descoberto em vinhos esplêndidos e famosos, ou a refutado em aventuras mal sucedidas, é fato que quando falamos em Cabernet Sauvignon estamos tratando com versatilidade, disseminação e gosto.