A brincadeira foi bacana. Recebemos um casal muito querido de familiares em casa e a Ka preparou um jantar na linha Tailandesa/Indiana. As pesquisas mostraram que o ideal em termos de harmonização para tais pratos estava no campo dos espumantes. Podia ter servido algo mais sofisticado, mas não resisti à aventura quando percebi que dois vinhos de nossa adega tinham apelos muito semelhantes: ambos do Vale dos Vinhedos, os dois comprados por pouco mais de R$ 50 cada um, feitos pelo método tradicional com 12 meses de maturação, utilizando-se fortemente de Chardonnay, descritos como “natural brut” e de vinícolas já que foram visitadas. Assim: quem seria melhor?

O primeiro vinho é um velho conhecido de minhas listas semestrais. O Casa Valduga Arte Tradicional Brut, safrado, 2017, que costuma entregar uma bebida muito correta, com secura bacana e bem cítrico no paladar. Aqui temos, para além de 60% de Chardonnay, 40% de Pinot Noir. Estivemos na vinícola em 2007, e dessa vez não entramos novamente para nos concentrarmos nas novidades das Serras Gaúchas no já descrito Carnaval de 2019. Pelo valor comprado, cerca de R$ 53 no Empório Imigrantes em São Paulo, nunca deixará de figurar em nossa adega. Para cada garrafa aberta uma nova comprada e estoque reposto. Assim, seria difícil ser melhor que ele. Por conta de seu teor alcoólico, de 11,5%, optei por abri-lo antes. Estava perfeito.

Valduga

Fonte: Vinícola

O segundo espumante é o Dom Cândido, de uma casa menor e muito simpática. Estacionamos o carro no final da tarde na vinícola e fomos muito bem recebidos numa ampla loja. Em meio às gôndolas fomos abordados por uma amável moça que nos ofereceu como cortesia uma prova de três espumantes. O primeiro chama-se Estrelato, tem 50% de Riesling, e pouco me agradou pelo excesso de doçura. O terceiro era o vinho mais nobre da casa, o Documento, e a despeito de estar muito bom o preço me afastou um pouco da compra. O segundo, por sua vez, foi o Brut 12 meses, com 12% de graduação alcoólica que nos agradou e trouxemos uma garrafa para São Paulo. Feito 100% de Chardonnay, foi com ele que emparelhamos o Arte da Valduga.

DCAND

Fonte: Vinícola

Resultado: uma noite agradável, muito gostosa, de boas risadas e comida deliciosa. A harmonização dos vinhos com a comida foi absolutamente perfeita, sem qualquer ponto desabonador para ambas as garrafas. As quatro pessoas que beberam foram unânimes em afirmar que o frescor mais cítrico do Valduga agradou mais que uma leve doçura mais frutada do Dom Cândido – que em sua etiqueta traseira fala em banana e maçã verde, que se sobressaem às também citadas frutas cítricas. Emparelhar vinhos semelhantes é uma atividade lúdica, gostosa e prazerosa. E foi assim que para além de uma noite bacana nos divertimos com os vinhos. A despeito de nossa predileção pelo Valduga, que será devidamente reposto hoje em nosso estoque, ambos são vinhos muito corretos, agradáveis e capazes de caber em bolsos menos amplos. Basta escolher. Saúde!