Tia Ignês era simplesmente “voinha”, como chamamos as avós muito queridas no nordeste do Brasil. Era baixinha, tinha lindos olhos azuis e usava anáguas – me lembro bem delas pois conseguia enxergá-las, já que eu ainda era pequenina quando ela trazia o seu delicioso e delicado bolo de rolo de goiabada e os “fudges” (dadinhos de chocolate crocantes) nos fins de tarde. Era a alegria de qualquer criança da nossa família!

Fudges de chocolateBolo de rolo

Sem falar nos almoços e seus rocamboles de camarões feitos com massa de batata e arroz, e a famosa mousse de chocolate que levava na receita uma colher de sopa de whisky 12 anos, ambos leves e macios, deliciosos!

Um dia ela se foi. E suas receitas ficaram num caderno que minha “voinha” Sylvia, sua cunhada, fez quatro cópias: três para minhas tias e uma para minha mãe. As tradições seriam perpetuadas pelas mulheres da família. Assim, cresci em torno das receitas de “voinha” pelas mãos de minha mãe, despertando o interesse pela cozinha e pela união que o ato de cozinhar com amor proporciona a uma família dentro e fora do lar.

Dos 11 anos, quando comecei a vender docinhos na escola, até hoje, já são 27 anos! Cozinhar passou a ser algo a mais, passou a ser vida. A faculdade de Ciências Sociais foi para o segundo plano e a Gastronomia me abraçou completamente! O clássico filme “A festa de Babette” foi grande inspiração e deu nome ao primeiro negócio que abri aos 18 anos. Desde então, no circuito Natal, Rio de Janeiro e São Paulo foram restaurantes, hotéis e consultorias. Aprendi a gerir negócios com sabor e há quase 5 anos trabalho pela competitividade e sustentabilidade desses negócios que hoje chamamos de Alimentação Fora do Lar ou Food Service no Sebrae-SP.

Teremos deliciosos encontros por aqui para falarmos de histórias culinárias, de temperos e misturinhas!

Sejam bem vindos!