A cidade é a quarta maior de Portugal em número de habitantes – perde, inclusive, para Vila Nova de Gaia, localizada do outro lado do rio Douro com semblante de pequenina ou auxiliar, o que é um engano. Um local estonteante que nos convida a uma série de atividades. Não há como separar o Porto de muita boemia, belos pratos, ótimas receitas e bebida farta. Lá encontramos bares e restaurantes empilhados pelas ruas. Foi minha segunda passagem, e não me recordo de ter comido mal. A ceia de Natal foi no Hotel Carris, bebendo vinho da própria hospedaria. Um branco mais estruturado que casou bem com todo o menu. O tinto não agradou, mas quem disse que Portugal não faz vinhos brancos geniais não conhece muito desse país.

PortoCeia

Três atividades ligadas aos belos brindes nos chamam a atenção. A primeira, e não é tema central desse blog, são as cervejas artesanais. A febre começa a se mostrar intensa e mais global do que nunca, e encontramos alguns rótulos muito bacanas. Os dois melhores são: a Sovina e a Letra, ambas do norte do país. Bebemos as suas respectivas IPA, bem perfumadas, do jeito que gostamos.

A segunda são os vinhos tintos produzidos pelas margens do rio que corta a cidade a separando de Gaia e adentra a Ibéria até se transformar em Duero na Espanha – falamos aqui do Douro, obviamente. O destaque maior são os tintos, e não faltam lojas onde bebidas que no Brasil custam mais de R$ 300 saem por menos de quinze euros. Paciência! Assim, quando se viaja para a Europa, com destaque para os países produtores de vinho, o segredo é: tome o que custa caro, pois aqui você sequer sonhará em tomar – e entenda que caro na Europa é mais de quinze euros. Isso nos levou a dois belos vinhos nessa viagem: o Espinho 2011 reserva e o Post Scriptum 2014 – ambos feitos com a combinação de diversas uvas, onde se destaca a agradável, intensa e bem tradicional em Portugal, Touriga Nacional. Somados eles não custaram, sequer, trinta euros. E quanto custariam aqui? Garanto que quase R$ 400. Estavam divinos, merecem atenção e fomos felizes. A atividade, assim, deve estar concentrada na compra de bons vinhos em ótimas lojas que se espalham pela cidade – algumas, inclusive, com provas guiadas que parecem bem bacanas. Ou seja: não estou sequer falando em pegar um carro, um ônibus, um barco ou um trem e subir o rio, o que já fizemos e é sensacionalmente genial. Estamos concentrados exclusivamente no Porto e o que de lá se pode fazer a pé.

Lojas Porto

Assim, a terceira atividade está relacionada ao vinho do Porto, o mais famoso fortificado, ao menos aos nossos olhos. A cidade respira a bebida: as vitrines, as lojas, os bares e restaurantes a transbordam. Pelas ruas vamos parando em diferentes locais e provando pequenas doses vendidas, por vezes, a dois euros ou menos. O grande encanto, no entanto, é atravessar o Douro. Pontes não faltam, mas a mais bonita e centralizada, em estrutura metálica azul, é a Luís I. De lá a conexão com as casas que armazenam o vinho do Porto é imediata. E são dezenas delas, a maioria muito próximas, espalhadas pela avenida principal às margens do Douro e suas ruas paralelas e adjacentes. Muitas marcas famosas, sendo possível identificar nomes e associá-los a tantos momentos especiais. Cada casa recebe o visitante ao seu modo. Algumas de forma extremamente turística sem qualquer necessidade de agendamento e com inícios a cada meia hora, outras de maneira mais reservada. Cada uma conta a história ao seu modo, e certamente os encantos diversos merecem comparações e gerarão diferentes paixões. Saímos da cidade com três belos exemplares da bebida: um Dow, um Graham’s Vintage e um Offley. Em casa já temos um Porto Cruz, um Sandeman e um Porto Ferreira. Curtir o Porto é isso: mesclar, experimentar, viver cada experiência e, sobretudo, brindar à vida. Saúde!

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