Hoje acordei na Paraíba, estado vizinho àquele do grande rio do norte que me remete às origens de meu avô materno, e que me deu a Ka de presente. João Pessoa é uma cidade deliciosa, e sem querer arrumar confusão em casa, mais simpática do que Natal se eu conseguisse descontar toda a afinidade familiar e as recordações que vão da minha infância às últimas férias de janeiro que foram deliciosas. Impossível, mas tudo bem.

Faz alguns meses, muitos a bem da verdade, escrevi sobre minhas experiências acerca de vinhos nessa cidade. Hoje não trago nada de novo na bagagem. Passei em frente a um restaurante chamado Adega, mas jantei sozinho num regional delicioso, tomando suco de acerola. De bebida alcoólica só dois chopes artesanais num quiosque bacana no final da tarde. Sábado acordei, trabalhei forte e voltei correndo. O começo da tarde de hoje, no entanto, me reservou algo muito bacana. Duas conversas deliciosas, passagens rápidas pelo famoso “zap”, instantes virtuais na fila do embarque da Gol. Veja só!

Quinta-feira entrei em aula às 8h00 na pós-graduação em Liderança que coordeno, e lá se foram oito horas de sala lecionando. À noite, mais quatro no curso de Ciência Política. Na primeira experiência encontrei o prefeito de Bento Gonçalves-RS, que virou amigo, e depois do Carnaval desse ano, um maravilhoso interlocutor para um papo sobre vinhos, já relatado aqui, que merecerá sempre destaque. O jovem político do Progressistas está investindo no mais essencial compromisso que um político pode ter com seu povo: está buscando conhecimento para liderar transformações em sua realidade. Genial. Pois as fotos que recebi dele no sábado incluíam o ministro da Casa Civil em uma prova gigante de vinhos e slides descrevendo amostras que estavam sendo provadas. Isso mesmo: Bento recebeu nos últimos dias um dos maiores eventos do mundo, a Wine South America. Tão marcante e relevante que o prefeito não nos deixou fora dele, apesar de estar em São Paulo estudando: fizemos um teste ao final de um dia intenso de construções sobre o desafio democrático brasileiro. Cada um recebeu uma pequena taça do lançamento TEMPO, blend da casa butique Cainelli, feito a partir de Cabernet Sauvignon, Marselan e Ancellotta – a primeira um clássico, a segunda uma invenção recente bem interessante, e a terceira já rendeu texto aqui porque no Sul algumas casas estão fazendo preciosidades com ela. O vinho era muito ajustado, bem correto. A turma gostou, sobretudo porque os alunos mineiros fizeram um lanche com preciosidades geniais, incluindo queijos e embutidos que se deram bem com a bebida gaúcha. A safra 2014 é bacana, e cinco anos fizeram bem para ela. Seus 12% de teor alcoólico poderiam até sugerir algo frágil, mas não foi o que encontramos. Muito bom!

TEMPO

Fonte: vinícola

Ainda na fila do embarque foi meu querido parceiro de clássicos do vinho quem me mandou uma mensagem direta da Europa. Fazendo seu doutorado entre o norte da Itália e o sul da França, a estada na Provence está lhe fazendo muito bem – como fico feliz com o fato. No áudio veio a descrição de uma garrafa genial de um Rhone que ainda saberei o nome. Mas nas proximidades de onde ele mora descobriu uma pequena loja de imigrantes armênios, e aqui está a provocação maior. Olhou, fuçou e obviamente achou vinhos. Comprou um e estava guardando a iguaria para os próximos dias. Trata-se de um tinto seco, safra 2016 da região de Aragatsotn sobre a qual certamente conversaremos nos próximos dias. A casta Areni aguçou ainda mais a minha curiosidade. Não tenho nenhum conhecimento sobre esse país, mas posso imaginar que seus vinhos sigam a lógica de produções do leste europeu, sobretudo da Geórgia. Ele estava motivado, pois pediu algo que tivesse tradição. Que genial!

Takar

Fonte: Armenian Brandy and Wine
Meus dois amigos conseguiram arrancar bons sorrisos do meu rosto na fila de embarque. As fotos fizeram a água encher a boca. O pensamento foi longe, um pouco para cada lado. Parte para o sul, parte para a França. Um pouco para as provas gaúchas, outro para o Rhone, seus vinhos geniais e essa iguaria armênia. Saúde! Vinho também se faz da vontade, lembrança e do carinho dos amigos. O que mais me emocionou foi: ambos disseram que lembraram de mim, que eu estaria feliz com eles e que dos próximos eventos eu não escapo. Saúde!