Faz alguns anos resolvi investir sobre uma prática que se tornou hobby e, ao mesmo tempo, exercício capaz de se converter numa espécie de diário do meu casamento. Passei a colecionar rótulos, atingindo desde 2011 até o fim de 2015 mais de 700 exemplares. O ritual por vezes é complicado, pois as lendas que associam a retirada da etiqueta das garrafas à água ou ao vapor se mostraram falhas. O segredo é ter paciência e dedicação. Com a prática tudo se torna mais fácil, e ao mesmo tempo o “vício” de colecionador traz alguns constrangimentos curiosos. Em restaurantes mais bacanas não é incomum testemunhar garçons e clientes olhando para o maluco que está se esforçando para puxar o rótulo sem danificá-lo. Na casa de alguns amigos, onde impera certa cerimônia, por vezes o pedido é feito de forma meio tímida. Tais instantes podem ser chatos, mas não são poucos os dias que nos pegamos foleando os cinco cadernos que temos em casa e rindo das boas recordações que os vinhos nos trazem.

Assim, como costuma dizer a molecada viciada em internet: #ficaadica. Com o passar do tempo você, admirador frequente dos vinhos, terá motivos de sobra pra se divertir com os seus registros. Se serve de inspiração, reserve um caderno e nele, após colar o rótulo, anote a data, com quem e onde o tomou, o volume da garrafa (normalmente 750 ml), as uvas, o tipo (tinto, branco etc.), a região, o ano (quando não está no rótulo principal), o país e a dosagem alcoólica. Por fim, se entender interessante, destaque o preço e o local onde comprou, e não deixe de dizer com o que bebeu (comida), se ocorreu a harmonização e o que sentiu. Não costumamos ser técnicos, apenas relatamos sensações. Por exemplo: enquanto escrevo esse post estou tomando um Fratelli Dogliani – Langhe (foto). Vamos ao simulado do diário:

Ka e Beto / 750 ml, 14% de álcool, 2012, uva Nebbiolo, Langhe (região), tinto, Itália / R$ 57 na Wine.com / “teve dificuldade de harmonizar com um cuscuz de alcachofra (tarefa árdua), e a meia garrafa que tomamos em agosto estava melhor. Ainda assim é um vinho simpático, não muito pesado, que faz boa companhia”.

 

Uma forma de lembrarmos de nossas experiências
Uma forma de lembrarmos nossas experiências

 

Simples. Simples assim. Por sinal é assim que precisamos tratar o vinho. Não sou um conhecedor e tampouco um estudioso, mas apenas um admirador que reconhece nessa bebida uma forma de relaxar, curtir e aprender um pouco sobre cultura. A partir do nosso próximo post é aos cadernos que vou recorrer, ou às experiências deliciosas na companhia da Ka e dos vinhos que temos provado juntos. Afinal o blog é apenas uma forma de registar em larga escala o que já faço em meu diário de vinhos. Saúde!