Vinho é troca de conhecimento, e não são poucos os exemplos disso. Conversas, leituras, materiais produzidos, sites, existe uma infinidade de coisas que nos oferecem mais e mais experiências sobre esse tema tão fascinante. Tenho um amigo de infância que compartilha grande parte de tudo o que sei sobre essa bebida. Os melhores conselhos, as mais precisas definições, as agendas para as visitas mais incríveis a vinícolas pelo mundo e alguns vinhos de tirar o fôlego. Nunca vou esquecer, por exemplo, de duas joias abertas por ele, dentre tantas outras: o La Pineta (2008 – bebido em 2013), um Pinot Noir da Toscana magnífico, que me fez começar a ter interesse pela uva e; o Pesquera Reserva Especial (2003 – bebido em 2016), um legítimo e potente Ribera del Duero que tanto nos encanta.

PINETA

Na noite do espanhol abrimos o jantar com um branco fora do comum. Um riojano feito de diferentes castas, dentre elas a Garnacha, a uva que oferta excelentes brancos, tintos e rosados, em um espetáculo de polivalência – apesar de existir a Garnacha tinta e a Garnacha branca. Aqui falo especialmente do Remelluri, potente e capaz de surpreender os mais céticos. Por sinal, a Espanha tem três regiões de vinhos brancos que me agradam demais: os minerais Alvarinhos da Galícia, os delicados Verdejos de Rueda e os intensos riojanos, feitos com força e intensidade – aqui o destaque é a Viña Tondonia, apresentada por esse mesmo amigo.

Remelluri

Essas maravilhas, no último final de semana, se juntaram a um alemão absolutamente improvável de ser comprado aqui em casa. Quando viajei para a Alemanha nas férias levei uma palavra difícil do idioma em minha cabeça: Trocken, ou seja, vinhos secos. Mas o que meu convidado querido nos trouxe foi um Auslese, praticamente um vinho de sobremesa com baixa graduação alcoolica da casta Riesling. Eu o tomaria acompanhado por algum doce, mas quando estamos diante de quem conhece findamos fazendo diferente. E foi com ovas de peixe e queijo de cabra que ele ficou divino. Como é bom beber com quem efetivamente domina. De quebra conhecemos a história daquilo que estávamos a apreciar, nesse caso em especial um Joh. Jos. Prum 2011 que estava divino e entrou para a relação desses tais vinhos inesquecíveis que bebemos com quem tanto nos ensina.

JJ Prum

Sinceramente falando, com exceção feita ao Pesquera eu dificilmente compraria qualquer desses vinhos acima em uma prateleira repleta de opções numa loja. Mas posso dizer com absoluta certeza que estão entre os grandes vinhos que bebi na vida. Saúde! À capacidade de as amizades nos ensinarem sempre.

Pesquera

 

Obs. Todos esses vinhos citados são encontrados na MISTRAL ou na VINCI, e são extremamente especiais. Foi dessas lojas que vieram as imagens utilizadas aqui.