Em 2012 eu e a Ka tivemos uma noite maravilhosa com mais dois casais de amigos. Depois de uma longa conversa sobre vinhos, combinamos que ela cozinharia na casa de um deles, e a adega da residência ofertaria algo muito especial: um Almaviva e um Château Lascombes. Com todo o respeito ao nosso companheiro de continente, o francês nadou de braçada. Brilhou praticamente sozinho, de forma sublime, suave e aveludada. Um abraço na boca. A harmonia incorporada.

2012

Faz algumas semanas estivemos no aniversário de um amigo querido e encontramos os anfitriões daquela noite especial. Novas conversas sobre vinho e chegamos àquela noite de 2012. Lembramos com muito carinho daquele francês genial, e fomos surpreendidos com uma afirmação promissora: “quando comprei aquele Lascombes, na verdade comprei dois, e o outro ainda está lá em casa. Querem abrir? Vamos marcar algo?”. Música para os meus ouvidos, e a Ka prometeu que faria um jantar muito especial para recepciona-lo. A partir de então foi marcar a data e definir os demais vinhos. O mais especial: tivemos mais um casal conosco, e a aventura foi realizada a seis.

Naquela noite começamos com dois espumantes nacionais. O FLA x FLU dos espumantes BRUT de entrada. Miolo Cuveé Tradition x Casa Valduga Arte Tradição, vinhos de menos de R$ 55 que entregam o suficiente para uma abertura correta de qualquer evento. Prefiro o segundo, mas respeito muito o primeiro.

Miolo Valduga

Fonte: Bebidas do Sul

Enquanto conversávamos fora da mesa e petiscávamos, dois vinhos respiravam na garrafa. Um Cerviano 2009, Barolo de Marziano Abonna; e um San Polo 2008, Brunello de Montalcino. O Lascombes (2006) seguia fechado, a partir de orientação de um grande amigo que entende tudo de vinho e trabalha na casa que o importa. O jantar começa aqui, e com ele esse clássico impressionante de vinhos. A ordem do serviço foi: Barolo, Brunello e Bordeaux.

Confesso que não entendi muito bem o Barolo. Algo nesses vinhos ainda não me permite entende-los em sua plenitude. O mesmo acontecia, por exemplo, com os Châteauneuf du Pape, que demorei pra entender, e ainda ocorre com os Borgonha. Tenho a certeza que tomei algo muito especial, mas não sei exatamente o que ocorre que me falta o prazer que a bebida deveria gerar. Já Brunello estava muito especial. Tenho para mim que mais um ano em garrafa e ele teria perdido o rumo. Mas esse senhor de 10 anos estava muito gostoso, vivo e encorpado. Madeira na medida certa. Belíssimo vinho.

BaroloBrunello_small

Fonte: vinícolas

Quando terminávamos o Barolo, o Bordeaux foi para o decanter. Com todo o cuidado e delicadeza. Poucos sedimentos em garrafa mostram que poderíamos ter sido um pouco mais perfeccionistas, mas não dá para dizer que não bebemos algo próximo da perfeição. O vinho estava ali, vivo, intenso, macio, aveludado, fantástico. Mais uma vez uma garrafa muito especial bebida.

lascombes

Fonte: Lascombes

Pra fechar a noite minha sobremesa predileta quando temos a companhia de um bom vinho colheita tardia. As peras com queijo azul, e nesse caso com um excepcional Botrytis Noble da uruguaia Deicas, uma casa que não erra vinho. A iguaria despertou surpresa de nossos convidados, pois imagino que não conhecessem o que o Uruguai tem de melhor – seus vinhos brancos, a despeito de meu carinho especial pela Tannat. E assim foi. Uma noite e tanto. Um perfeito jantar e o que cada país visitado tem de melhor.

Deicas

Fonte: Geant