Para a imensa maioria das pessoas um vinho é exatamente aquilo que está, na maioria dos casos, dentro de uma garrafa de 750 ml. Pois bem: mas como aproveitar integralmente aquilo que compramos? O primeiro desafio é entender o que efetivamente nós levamos para casa. O que chamamos de vinho inclui, comumente: uma cápsula metálica, uma rolha, um rótulo e uma garrafa. Tudo isso está “em volta” do líquido que consumimos. E depois? A imensa maioria das pessoas descarta tudo, com exceção do vinho que costumam beber.

Mas voltemos à pergunta central: o que fazer com tudo o que compramos? Que obviamente está embutido no preço. Garrafas servem para uma série de coisas. Aqui em casa as mais bonitas ou simbólicas ficaram pra decoração. Além disso, algumas estão guardadas para receberem flores ou servirem de castiçal em jantares especiais. Existe gente, e já vi isso em mais de um lugar, que aproveita o fundo das garrafas de vinho cortadas para a construção civil, as colocando em paredes e telhados como forma de captarem luz natural por conta do vidro. O resultado é questionável para o meu gosto, mas tem até restaurante em São Paulo com parede de garrafas. Lustres também ficam interessantes, e sobram exemplos na internet de como fazer alguns modelos bacanas.

A garrafa

O rótulo eu, particularmente, guardo em cadernos que se transformaram em diários de um casal apaixonado por vinhos desde 2011. São mais de 1,2 mil etiquetas catalogadas. Sentar e olhar pra isso é magnífico, e basta começar pra não parar. Mas já vi restaurante aqui em São Paulo que vai colando os rótulos mais fáceis de serem retirados na parede. O efeito visual para um determinado ambiente fica legal. Uma parede inteira só de etiquetas especiais, eternizando momentos relevantes de diferentes clientes.

O Caderno

A rolha é o que as pessoas mais costumam guardar. Não é incomum entrarmos nas casas e vermos grandes vasos de vidro com uma mistura bacana das tradicionais tampas, algumas com escritos à caneta eternizando datas e companhias. Os modelos plásticos dão colorido especial, enquanto as de cortiça são as principais peças das coleções. Na internet não faltam exemplos do que fazer com rolhas. Numa vinícola uruguaia de Carmelo, a El Legado, vi coisas bem bacanas no começo de 2017. Enfeites de Natal e um mapa foram as mais legais. Na entrada do Prosa e Vinho, no centro de São Paulo, tem o famoso capacho de rolhas, cujo vídeo tutorial tem milhares de visualizações no YouTube.

Aqui em casa, as rolhas viraram enfeite, e além do vaso e de algumas caixinhas, duas peças nos dão muito orgulho. O teto de nosso espaço reservado para o serviço do vinho e um quadro que transformamos numa mesa que serve para diversos fins. O primeiro eu fiz depois de descobrir que ferver rolhas numa panela com água permite que se corte com facilidade tais objetos. As rachando pela metade, na vertical, colei-as numa placa de isopor bem fina que servia de revestimento para a embalagem de uma geladeira que comprei. Aproveitamento máximo. Feita a colagem, bastou fixar no teto. Já o quadro foi mais trabalhoso e caro. Fixei as rolhas inteiras, pois não conhecia o truque do corte, em uma placa de piso laminado que havia sobrado de uma antiga obra que fiz. Levei o objeto a uma loja de molduras que deu estilo final à peça. Ficou bacana e sempre chama a atenção de nossos visitantes, seja sob a forma de quadro ou de mesa.

A mesa

Por fim, as cápsulas metálicas que retiramos para chegar à rolha. A melhor destinação que conheço foi dada por amigos faz muitos anos. Ainda éramos crianças, e quando o pai deles bebia um vinho transformava aquela fina lâmina de metal em chumbada para pescaria. Ao invés de comprar o chumbo na loja, as cápsulas eram amaçadas e guardadas na maleta compondo “a tralha”. Envoltas na linha, afundavam facilmente, cumprindo o papel e aproveitando o material que seria descartado. Nos espumantes também existe aquela estrutura metálica que envolve a rolha, e isso pode ser utilizado para suporte de guardanapo individual, não à toa guardamos tudo num vaso e por vezes utilizamos esse estoque criativamente. Assim, com base nessas experiências, parece possível pensar em como aproveitar ao máximo aquilo que levamos para casa. E insisto: o vinho, obviamente, bebemos. Saúde!

O vaso