Quando um amigo disse que havia conhecido um wine-bar novo em São Paulo fiquei interessado, afinal de contas, eu sempre tenho curiosidade por lugares assim. Quando ele disse que o local se orgulhava de ter preços corretos, com algumas opções de rótulos abaixo dos R$ 100, fiquei muito mais interessado. Mas quando ele nos contou que sua descoberta era na parte de Pinheiros da Oscar Freire, pertinho da Dr. Arnaldo, ou seja, próximo de nossa casa, o interesse se converteu rapidamente em efetiva visita. E lá fomos nós, no último sábado, ao Andovino.

A chegada ao local revelou nova e agradável surpresa: trata-se também de uma padaria artesanal que produz seus próprios pães e os vendem para o consumidor levar para casa. Dica imperdível: no sábado, final do expediente, pouco antes da meia-noite, existe uma pequenina queima de estoque, e um pão italiano delicioso veio para casa por R$ 10. Mas não se comprometa com o local por conta disso. Primeiro porque a visita vale muito a pena, e segundo porque os preços normais dos pães são muito corretos e o produto muito agradável. Resultado: não seja mesquinho, e não me acuse de ser, pois eu não conhecia essa benesse da casa.

Andovino

Fonte da imagem: site da Andovino

Chegamos ao Andovino po volta das 21h00 e fomos atendidos de forma muito cordial por um dos donos, o jornalista Tiago Trigo. Seu sócio, Máurio Galera, também estava lá e foi quem nos contou o segredo do pão. Os dois são jovens, descolados, bons de conversa e muito simpáticos. Tiago foi quem pilotou o nosso atendimento, e com quem troquei algumas ideias rápidas sobre vinhos. A primeira dúvida, diante de um cardápio que efetivamente tem boas opções a preços corretos, foi escolher entre um português de 2010 ou um brasileiro. O primeiro a pouco mais de R$ 90 e o segundo superando discretamente R$ 70, se não me engano. Aqui a essência de um lugar que me atrai de volta: a correção. Tiago disse que o vinho do Douro, um reserva, estava evoluído ao extremo, com 13 anos nas costas, atingindo sua capacidade máxima em lógica de transformação. Menos fresco, menos jovem, menos frutado e mais para o universo do tabaco, com uma cor vermelha menos intensa tendendo ao alaranjado âmbar. Ficamos curiosos, mas preferimos pegar leve e chamar algo mais sob controle e certeza. Destaque: tudo pode ser servido em taças que começam abaixo dos R$ 20.

Ficamos assim com uma garrafa do Terra Fiel, linha Terroir, feito a partir da Tannat e produzido no Rio Grande do Sul. Já conhecíamos o Ancelotta, que Tiago elogiou bastante e havíamos admirado, e o espumante brut, que recentemente comprei em excepcional preço na Le Bon Vin a R$ 50,00. O Tannat estava bem agradável e nos acompanhou bem durante nossa experiência. Para comer, um pão de calabresa caprichado na pimenta que estava muito gostoso, mas matou um pouco o vinho. Na sequência, para fechar, uma pizza terceirizada deliciosa, muito bem feita que harmonizou bem com a bebida escolhida. O local chama a atenção pelo caráter minimalista, ao estilo industrial. Relativamente pequeno, trata-se daquela lógica galpão, onde faz um pouco de falta um tratamento acústico mínimo para um casal 45 plus, mas sobra bom gosto, simplicidade e chama a atenção a quantidade de garrafas expostas pela parede, o que nos agradou demais e me fez ficar de pé por alguns minutos reconhecendo rótulos e aguçando curiosidades. O Andovino é um local que facilmente merece a visita, com destaque para o fato de que existem mesas do lado de fora, na calçada, e o ambiente é bem agradável. Para a próxima aventura, fica o desafio do vinho português, dos queijos e da charcutaria. Saúde!

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Fonte da imagem: vinícola Terra Fiel