Parte da Serra da Mantiqueira e algumas de suas cidades mais turísticas sempre estiveram nos roteiros românticos de meu casamento. Faz pouco menos de vinte anos começamos por Campos do Jordão, a mais famosa de todas, para a Ka conhecer a cidade onde minha família teve uma casa bem agradável que eu não tive o prazer de conhecer. E depois disso, fomos acumulando destinos: Gonçalves, São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier (São José dos Campos), Sapucaí Mirim, Monteiro Lobato etc. As paisagens nos agradam, e na semana passada cheguei a falar dos vinhos ali produzidos, em especial, por duas vinícolas que visitamos em julho.

De todas estas localidades que mencionei acima, Gonçalves foi a que mais me entusiasmou em nossa passagem mais recente. Achei o tamanho do centro urbano ideal para o sossego e as opções gastronômicas muito bacanas. Ademais, as lojas de artistas e artesãos primam por uma qualidade muito bacana. Numa das rodadas pelas ruas da cidade, algo extremamente especial nos chamou a atenção no fundo de uma pequena galeria de lojas: a Claraval Delicatessen, que vende predominantemente vinhos orgânicos. E aqui está o segredo: a seleção é muito atenta e algumas raridades se apresentam. Destaque absoluto para os brasileiros, e para produtores que têm feito bebidas orgânicas premiadas e comemoradas com uvas de mesa, sobretudo Isabel e Niagara. Confesso que até hoje o que provei dessas experiências não me conquistou, mas o que fez os meus olhos brilharem na loja foi exatamente a oferta de algo tão específico e adequado ao ambiente em uma realidade charmosa e agradável.

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Em resumo: ao ir para Gonçalves, não se preocupe em esvaziar sua adega ou comprar um monte de garrafas que sacolejarão no porta-malas do carro por dezenas de quilômetros. Se deixe seduzir por algumas das novidades e experiências mais sofisticadas da Claraval, sendo possível complementar a seleção com rótulos mais acessíveis em dois supermercados da região que têm boas opções a bons preços: o São Mateus, em Gonçalves, e 25 quilômetros antes, para quem sai de São Paulo, o Simpatia, em São Bento do Sapucaí – este vale muito a visita. Pronto.

Na Claraval, motivo maior de meu texto, as garrafas começam pouco abaixo dos R$ 100 e avançam. Existem também as opções servidas em taças que, entre brancos e rosados, fica na casa dos R$ 20 e para os tintos começam em R$ 25. Fomos recebidos pela proprietária, a psicóloga Luciana, e nos divertimos. Ela nos explicou algo sobre o negócio em parceria com o marido, e disse que conciliar a calma da cidade com o trabalho remoto de terapeuta e a venda de vinhos tem sido algo desafiadoramente agradável – o que nos motivou. Quem sabe um dia?

Não compramos garrafas na visita, mas bebemos uma taça de rosê da linha Vitale, da gaúcha Valparaíso, que eu estava desejando conhecer. A casta Rondinela entregou uma bebida bem agradável, que casou bem com os comentários da sommelière no site da vinícola: “aroma frutado com destaque para a cereja, morango e melancia. Um vinho que evolui em camadas após aberta a garrafa”. Este segundo ponto fez bastante sentido, sobretudo, após o vinho mudar de temperatura, o que nos agradou bastante. A garrafa, na loja, estava por R$ 150, enquanto no site da vinícola atingia R$ 130, ou seja: belo negócio.

Vitale

Terminamos nossa visita agradecendo à Luciana pelo atendimento e prometendo este texto, bem como uma visita futura, o que ocorrerá, espero eu, pelo tanto que gostei da cidade, ainda este ano. Saúde!