Companhias aéreas são empresas que lidam com os limites do relógio e a ansiedade dos seus clientes. Muitas vezes isso não funciona bem. Não foi diferente dessa vez com a Avianca. Por sinal, a empresa que adora dizer que é simpática tem um conflito agudo com o relógio. Paciência tem limite, mas paciência… ao menos são simpáticos!

Na penúltima sexta-feira, dia do jogo da seleção, corri para o aeroporto e cheguei mais de três horas antes do voo que me levaria a Bogotá. De lá seria apenas uma hora para uma conexão a Londres. Imediatamente fui avisado que o avião estava 30 minutos atrasado. Pelas minhas contas ainda era possível. Nada disso. O atraso aumentou, o avião perdeu o lugar na fila de decolagem de Guarulhos e ficou parado por mais muitos minutos na pista. Ao chegar à Colômbia só me restava correr e tentar. No meio do pique senti um cansaço agressivo e anormal. Parei e olhei para uma placa que me dava as boas vindas ao país, chamando a atenção para os 2,6 mil metros de altitude daquela simpática cidade. Perdi meu voo e o fôlego.

A simpática Avianca, que odeia o relógio, não se furtou de assumir seus erros. A despeito de seguidas demoras em diversos processos, a companhia foi correta. Ofereceu um jantar, um café da manhã, um almoço e uma vaga no mesmo voo que eu perdera – com “apenas 24 horas de atraso”. Ademais, fui colocado num hotel muito confortável, com um excelente spa, num amplo apartamento. Fiquei quase vinte horas lá. Pensei comigo: preferia estar na Inglaterra, mas vamos curtir a Colômbia, sobretudo o hotel.

Assim, passei a prestar atenção no que os colombianos oferecem em matéria de vinho. Lembrei-me de minha primeira passagem pela cidade em 2013. E terminei minhas observações nas diversas lojas do aeroporto na noite seguinte. Quem manda no mercado colombiano são os argentinos e os chilenos. Os rótulos são bem comuns, velhos conhecidos dos brasileiros. Não bebi qualquer coisa, mas posso garantir que os amantes do vinho não se sentirão chateados com as opções servidas em restaurantes e vendidas em pontos estratégicos do aeroporto. A maioria são tintos, e os preços não são tão ruins. Lembram alguns dos valores praticados no Duty Free das próprias nações de origem. Destaco aqui os rótulos chilenos da Concha y Toro, como o Don Melchor, o Almaviva e o Marques de Casa Concha, por exemplo. Entre os argentinos vi o comemorado El Inimigo em mais de uma versão, algo da Catena e alguns outros vinhos. A certeza aqui é: existem boas alternativas. Complementarmente e com menos espaço nas gôndolas destaque para poucos franceses e italianos, e um número maior de espanhóis. Os preços, nesses casos, quando comparados com a Europa ficam mais salgados. Um Protos Crianza passava de trinta dólares, o que em Madrid sai por menos de dezoito euros. Vale? Claro que sim se você estiver com saudades, vontade e perceber que no Brasil pagaria mais caro. Assim: ir à Colômbia representa garantia de beber vinhos argentinos e chilenos simpáticos em hotéis e restaurantes, assim como comprar algo para não passar vontade, a preços razoáveis, nas lojas de aeroporto. Em 2013, por exemplo, comprei um Catena Alta e dois Marque de Casa Concha. Foi uma bela experiência.

MCC

Fonte: vinícola