Semana passada almocei terça e quinta num wine bar pertinho da esquina da Paulista com a Consolação, e na quarta-feira num local com proposta bastante semelhante praticamente do outro lado da avenida, pelas bandas da Al. Santos quase esquina com a Joaquim Eugênio de Lima. Isso me faz perceber e registrar para quem frequenta a região paulistana ou trabalha no local, que opções de um bom almoço regado a uma boa taça de vinho existem e merecem atenção.

Terça e quinta o almoço foi na Le Bon Vin, sobre a qual tenho falado muito aqui. No primeiro dia não paguei nada pela refeição, presenteada por uma amiga querida. Mas quinta saiu do meu bolso e posso dizer: vale demais optar pela proposta do local em termos financeiros e de qualidade. Em ambas as refeições o vinho escolhido foi uma taça do espumante brut cuvée da Amitié, vindo da Serra Gaúcha, extremamente premiado, a partir de um blend clássico de Chardonnay e Pinot Noir produzido sob o método Charmat. Mais amarelo que a média, com intensidade bacana e elegante, foi bem demais com a torta thai da terça e com a de palmito na quinta, ambas acompanhadas de salada de folhas e mais algumas misturinhas e molhos muito simpáticos. O local está se especializando em alternativas vegetarianas e na quinta paguei apenas R$ 55,00 pelo prato e pela taça de espumante. Tente almoçar naquele ambiente, nesse nível, na Paulista e verás que realmente a relação preço x qualidade da Le Bon Vin é imbatível. Detalhe: na terça também provamos o vinho branco da casa, um brasileiro à base de Torrontes servido numa simpática jarra de vidro que não me agradou tanto, mas vale a experiência.

Amitie

Na quarta o destino foi outro. A Vino!, se não me engano, como me contou um amigo querido, nasceu em Curitiba e seria da mesma loja, ou rede de wine-bar, que se estabeleceu no térreo do tristemente fechado Maksoud Plaza faz alguns anos atrás. Lembro de ter ido lá umas duas vezes e visto boas coisas. Agora na Al. Santos, a proposta é interessante no almoço. Diversos vinhos a preços decentes para um restaurante, com a vantagem de ofertar descontos de 20% para quem leva a garrafa para consumir em casa sobre todos os rótulos, e cobrar um quinto do preço cheio nas taças que são bem servidas. Regras simples, preços claros, cliente bem informado. Amo essa combinação. E portanto de posse do cardápio, que carrega as harmonizações sugeridas pra cada prato, o que é outra bela ação, escolhi um gnocchi ao molho branco com brie que levei com um Rosso di Toscana, Cingalino, da Villa Pillo que estava bem decente. Blend agradável que expressa a vontade dos produtores do centro da Itália investirem em castas francesas. Aqui a combinação é de Merlot com Cabernet Franc,  que casou tranquilamente com a comida, pois os seis meses de carvalho ali aportam pouca madeira na bebida e a deixam fácil demais de se entregar a boas opções de pratos. Estava decente, com a garrafa na casa dos R$ 125, a taça a R$ 25 e as lojas mais convencionais o tratando a R$ 90 – o que se eu fosse levar direto dali para casa teria saído a R$ 100, ou seja, correto. Resultado aqui: um almoço na faixa dos R$ 80, um pouco caro, com um vinho a valor semelhante à taça de espumante (R$ 22) da terça e quinta, mas uma massa um pouco cara para o que entregou.

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Conclusão: a despeito do que prefira e do que venha a fazer com tais informações, se a Paulista for a sua região, ou o seu destino, e a vontade for pensar num bom almoço com uma taça de vinho correta, sinta-se provocado, ou provocada. Saúde.