Detetives em tese são agentes secretos, ou ao menos discretos. O perfil do “Detetives do Vinho” no Facebook segue parte dessa lógica, mas o projeto parece muito bacana. Abrir portas, desvendar raridades e trazer coisas boas. Foi a partir desse pensamento que no MesaSP desse ano descobrimos algumas raridades. Na verdade, uma delas foi redescoberta. E estava novamente deliciosa.
A Ka chegou em casa num sábado com duas novidades. Telefonou da feira e disse que havia tomado dois vinhos brancos divinos, ambos de uma casa chamada Cão Perdigueiro. O nome, ao que tudo indica, faz menção à lógica dos detetives, afinal de contas não há faro melhor que o desses animais para as boas caças.
O primeiro era um Chardonnay, e confesso que não curto muito essa uva fora da França ou para além das borbulhas dos espumantes. A despeito de tal aspecto, o vinho veio para casa e entrou na adega. O outro um Trebbiano, uva pouco comum pelo Brasil e repleta de sabor. Fiquei curioso, mas não fazia sentido abrir a garrafa sem sequer deixá-la descansar e resfriar um pouco.
A solução foi aceitar o convite da Ka e voltar com ela no domingo para o evento. E lá estava o estande representando dois projetos: o Cão Perdigueiro e a Vinícola Hiragami, de onde vem o catarinense Torii. E esse eu já conhecia. Bebera a safra 2008 do Cabernet Sauvignon com um casal de amigos, ele de Santa Catarina, orgulhoso do excelente resultado encontrado em bebida produzida na altitude de São Joaquim, no seu estado. Pois bem: descobri que eu havia conhecido a mesma safra, e a prova que me foi dada agora ainda estava genial. Quase comprei uma rara garrafa magnun 2008, mas fiquei feliz de ter adquirido um 2014 que estava muito bom, e tem potencial de guarda. Vinho honesto, correto e que me agradou demais.
Fonte: Vinhos e Vinhos
Mais feliz eu fiquei quando me mostraram um Sauvignon Blanc colheira tardia. A prova foi maravilhosa e confesso que é esse tipo de coisa que nos dá orgulho de dizer que nosso país produz vinhos muito agradáveis e elegantes. Estava uma delícia, e não pude resistir: comprei também.
Fonte: Mercado Livre
A despeito de tais aventuras, o que me levara até ali não foram as surpresas das novas aquisições, mas sim a prova do que a Ka tinha levado para casa na noite anterior. O Chardonnay me agradou bastante, mas ainda assim não é minha uva predileta. Já o Trebbiano foi uma surpresa mais do que grata: o vinho, produzido no Rio Grande do Sul, é extremamente vivo em aromas e com toques cítricos muito bacanas. Show de vinho, que logo remeteu a um belo e leve prato de peixe. Minhas percepções foram comprovadas por um simpático casal que nos serviu. Ela extremamente atenciosa, ele um sujeito muito motivado com o que produz. Que delícia conhecer gente assim. Saúde!
