Estávamos em Jacutinga para mais um belo final de semana na excelente pousada Caminhos do Bom Café. Se em nossa primeira passagem o objetivo era conhecer a Guaspari, dessa vez o destino do sábado pela manhã foi a Casa Geraldo, em Andradas-MG. A estrada de terra foi o caminho escolhido. Pelo Waze não havia tanta diferença de tempo entre os mais de 100 km de asfalto e os pouco mais de 40 km de menos asfalto e muita terra. De Touareg, guiada por destemido e motivado motorista, foi bem bacana.

Tratemos agora de outra distância, aquela entre as duas casas da região: a genial Guaspari e a popular Geraldo. Trata-se de algo inversamente proporcional à propaganda que se faz na região. A Guaspari é quase um segredo na paulista Espírito Santo do Pinhal, a Casa Geraldo é tão conhecida no entorno, e popular em Andradas, que o asfalto vai até a porta da produção. E lá tem gente. Muita gente fazendo turismo. Até ônibus tem, lembrando a visita que fizemos à Salton em 2007, a despeito da diferença de tamanho entre as casas.

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Chegamos em três amigos na Geraldo. Estava ocorrendo uma feira de eventos. Um grupo acabara de ser formado para percorrer a produção. Abrimos mão do passeio e fomos diretamente para a prova. A moça que nos atendeu, muito atenciosa, foi pega de surpresa com algumas perguntas mais técnicas, mas foi atrás das respostas. As trouxe. A casa produz faz mais de 50 anos, como Campino, vinhos com uva de mesa. Não nos arriscamos, pois não faz nosso estilo. Mas faz pouco menos de uma década, conforme nos foi informado, faz vinho fino, com uvas viníferas. Iniciamos a longa série de provas, pois existe aparente exagero na quantidade de castas cultivadas e rótulos produzidos. A coisa é um pouco confusa, a casa é bem grande. Mas paciência. Primeiro um trivarietal meio seco. Passamos. Em seguida um Cabernet com característica mais adoçada, um Merlot com acentuado destaque para o álcool, um Malbec pouco razoável feito no Chile (!!!!), um Shiraz e um Tannat frágil, aguado e nada associado ao que se faz no Uruguai. Perceba: não adjetivei o Shiraz e estávamos em Minas Gerais. Pois é: acho que essa é a uva do Estado, e da região. Os melhores vinhos de Cordislândia-MG que tomei são dessa uva, assim como o que produz a ótima Guaspari, no limite entre São Paulo e Minas Gerais, é Shiraz. Gostamos. Foi o melhor. A grande questão é entender se era BOM ou apenas o melhor. Trouxemos.

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E para tanto tivemos que passar pela loja. E lá está algo muito interessante: um espumante de R$ 55 foi o vinho mais caro que vi. O Segredo, um tinto, também está nessa faixa de preço. Mas os vinhos provados estão na casa entre R$ 20 e R$ 35 a garrafa. Aqui está algo muito bacana: a Casa Geraldo faz vinhos em conta. Uma ótima ponte para quem deseja sair dos vinhos feitos à base de uvas de mesa e quer migrar para a bebida mais seca e feita com uvas viníferas. Por sinal, isso ficou claro num espumante brut, de Charddonay, método tradicional e bem mais doce que a média. Está ali: a transição. A Casa Geraldo, assim, pode ser uma ótima escola de vinhos pra quem quer mudar e descobrir sem gastar muito.