Ficar hospedado em vinícolas não é exatamente uma novidade. Em 2007 tivemos a primeira experiência no Rio Grande do Sul, e em 2009 em Portugal. Desde então nos afeiçoamos pela alternativa. Quando começo a planejar uma viagem essa é a primeira tentativa quando vou atrás de hotéis. A vantagem é que essas casas costumam estar muito bem preparadas para quem gosta de beber e aprecia vinho, a desvantagem é que por vezes ficam em propriedade rurais, distantes das cidades e dos agitos. Isso é desvantagem? Nas férias tudo o que mais desejo é dormir bem, relaxar e ver o tempo passar tranquilo. Isso parece perfeito.

Nessas férias,  eu queria me hospedar na cidade de Gengenbach, na Alemanha, pelos lados da Floresta Negra. Foi quando encontrei a vinícola Simon Huber no Booking, ou melhor dizendo: o Weinhotel Pfeffer & Saltz – o hotel do vinho Pimenta e Sal. Perfeito. Novo, elegante e do jeito que a gente gosta, relativamente perto do centro da cidade sem deixar de contemplar vistas e sentimentos bem rurais. Não tinha como dar errado.

Chegamos na hospedaria e logo notamos que estávamos no melhor restaurante da cidade, ou ao menos num badalado local. Mesas lotadas, muitos carros bacanas no estacionamento e um aroma fantástico. Deixamos as coisas no quarto e fomos jantar, tinha que ser assim. O atendimento foi muito simpático e não resisti a pedir um Riesling da casa, safra 2017, que no cardápio custava menos de 18 euros. Jantar perfeito, vinho muito bom. Aprendemos ainda mais na Alemanha o valor que essa uva tem.

De volta para o quarto motivação em alta. Adoramos a experiência e curtimos bastante o vinho. Foi quando resolvi prestar atenção no hotel. Taças, saca rolhas, duas garrafas no frigobar e uma fora dele. Realmente a casa do vinho que nos hospedava sabe receber bem seus hóspedes. Detalhe: no quarto o vinho custava a metade do preço. Como resistir a um belo Riesling daqueles por menos de oito euros? Quando percebi que a safra era 2016, aí ficou impossível de verdade, e abri. Onde eu deixaria a curiosidade de comparar as bebidas? Era outro vinho, muito mais complexo, com outras características e ainda mais interessante. Foi uma noite e tanto.

Riesling

Fonte: Vinícola

No dia seguinte acordei e me deparei com duas garrafas de vinho num balde de gelo no café da manhã. Um branco e um espumante rosê sem álcool. Como eram menos de dez horas, resolvemos terminar de comer e fechamos o café tomando uma taça do rosado aproveitando os primeiros raios mais intensos de sol do verão da Floresta Negra. São esses os momentos que quem disponibiliza uma garrafa matinal deve desejar que seus hóspedes vivenciem. Genial. Vivenciamos!

Ao sair pelo estacionamento notei que a produção de vinhos ficava imediatamente abaixo do restaurante. Também foi possível perceber que a cidade de Gengenbach, na região de Baden, é quase que completamente cercada por vinhedos. Na caminhada do final da tarde tirei as mais belas fotos da região e fique emocionado quando cheguei a uma igreja no alto de uma montanha coberta por vinhas.

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Deixamos a propriedade com um aperto no coração depois de duas noites. O casal que administra tudo é jovem e muito simpático. A eles só falta uma coisa: compreender que as pessoas que compram a experiência da casa ficariam felizes de conhecer a produção e fazer uma degustação dos vinhos produzidos. Marquei de conversar com o proprietário, mas infelizmente na hora combinada ele estava trabalhando nas vinhas e sequer apareceu. Longe de mim exigir que ele parasse suas atividades, mas apresentar a casa também é valorizar – o máximo que conhecemos foi uma taça de um pinot noir (Spatburgunder) bem frágil. Deixemos isso de lado: recomendo demais a experiência, o restaurante, e o belíssimo, elegante e bem decorado hotel. Se tiver a oportunidade: beba o Riesling – sobretudo o 2016, ou se preferir compare as safras. Saúde!

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Fonte: Hotel