Tenho catalogado comigo nos últimos 12 anos, em uma planilha detalhada, 2.202 garrafas de vinhos consumidos até 31 de dezembro de 2021. Ou seja: o que eu bebi em janeiro de 2022 já não entra na lista. O total de garrafas é bem maior, pois aqui só estão totalizados os vinhos que bebi com a Ka em qualquer lugar do mundo, ou que foram bebidos dentro de nossa casa por ela e/ou por mim. Além disso, tornei-me radical na tarefa de colecionar rótulos e registrar bebidas faz cerca de dez anos. A despeito dessas considerações, o total de mais de 2,2 mil garrafas é interessante. Assim: vamos lá.

Quero deixar uma lista de sugestões minimamente curiosa, sobretudo vinda de alguém que adora variar, provar coisas diferentes, evitar repetições. E dia desses fui olhar a planilha em busca de saber quais os rótulos que mais tomamos. Dos 2.202, cerca de 75% certamente são diferentes, ou seja, aproximadamente 1.700 garrafas de rótulos inéditos (únicos). A partir disso, escolhi aqui apenas os 23 vinhos que foram bebidos cinco os mais vezes entre nós dois. O que quero registrar aqui é que qualquer coisa com cinco ou mais repetições pode se transformar numa boa dica. Vou por estilo e falarei se tais rótulos ainda fazem parte de nossos hábitos.

Espumantes – aqui temos um trio imbatível de brasileiros e um espanhol que foi abandonado. Os nacionais são: Casa Valduga Arte 12 meses brut, que reina absoluto em várias listas semestrais de vinhos de até R$ 55 que divulgo faz anos; o Villaggio Grando brut que vem de Santa Catarina e; o Valmarino Brut Pinto Bandeira. Registro minha preferência nessa ordem. O espanhol é uma cava bem tradicional em nosso mercado, o Cordoníu Clássico que, para mim, perdeu a graça.

Brancos – aqui temos quatro rótulos de nacionalidades diferentes, e minha uva favorita reina. De Portugal um Alvarinho simples, mas acessível e minimamente correto, o Via Latina – faz tempo que não o encontro. Ainda na casta, mas no Brasil, o corretíssimo e genial Matiz Hermann, um Alvarinho muito especial fora do eixo Minho-Galícia. Da Itália, o Milluna Bianco, que foi encontrado por várias vezes no supermercado Superville a preço inferior ao cobrado pela importadora na internet. Por fim, um argentino barricado que era acessível e se tornou caro, muito bem feito, que descobrimos numa loja de Puerto Iguazu e nos agradou demais: Escorihuela Gascón – Viognier. Fecha a série um quinto rótulo, mas este de sobremesa e correto demais. Coringa de qualquer final de refeição e barato até hoje, o Aurora Colheita Tardia – de sobremesa!

Tintos – aqui são 14 rótulos. Existem espanhóis caros, por vezes proibitivos, como o Protos Crianza (caro) e o Alión (proibitivo). Há também rótulos que eram acessíveis e hoje se tornaram complicados, ou que não nos parecem valer mais tanto a pena: o português Vinha Grande (sempre agradável) e o bom blend da linha argentina Trumpeter de malbec e syrah – que não agrada mais pelo preço. Existem aqueles que ainda encontramos, mas deixamos pelo caminho: os espanhóis Borsao e Bobal de Sanjuan (nossa escola da casta Bobal, que sumiu), o catarinense Quinta da Neve (nosso primeiro catarinense, e companheiro por anos) e o sul-africano Nederburg Winemasters Pinotage, que o gosto já não encara. Por fim, um sexteto que brilha. Falo aqui de vinhos agradáveis, acessíveis, que entre eles guardam diferenças de preço e qualidade, mas são muito corretos. Da Valmarino, que se tornou nossa vinícola mais querida, três rótulos: Merlot, Petit Verdot (a uva que uma amiga genial nos trouxe) e Shiraz. E ainda: o Casa Venturini Reserva Tannat (famoso rótulo do cavalo), o uruguaio El Elegido Bivarietal (Tannat-Merlot), presente em algumas listas semestrais, e o rei do consumo: o Las 2 C’s, da casta Bobal vindo dos arredores de Valência e encontrado a menos de R$ 40 no Superville.

Este último espanhol com 15 garrafas, o vinho de sobremesa com 11 e o Valduga Arte com 16 são os vinhos mais consumidos de nossa história e os únicos que passaram de 10 garrafas. Perceba: o tinto ainda custa R$ 39, o Valduga encontramos no mesmo supermercado por R$ 49 e o vinho de sobremesa é facilmente achado abaixo dos R$ 25. Faça a soma. Por menos de R$ 120 você faz o brinde, serve o jantar e acompanha a sobremesa. Saúde!

dosces_tinto_2021Valdugaaurora