O bacana de viver falando de vinho é que as pessoas passam a procurar você pra falar sobre o assunto. E quando nos despimos de sentimentos pequenos como inveja ou coisa do tipo, o que existe de mais genial é curtir a alegria dos amigos quando estão vivendo uma experiência mágica. Ou ainda, ser lembrado por alguém querido que lhe comprou um vinho ou viajou, e do destino lhe trouxe algo como uma garrafa, um rótulo, um mimo de uma vinícola ou coisa parecida. Amo isso!

Faz tempo que o maior símbolo de tudo isso é um cara especial que conheci pelo Twitter e me trouxe vinhos da Áustria. Foi fantástico! Em tempos recentes um casal querido fez uma viagem genial ao Chile em busca de pequenas bodegas, algo que não costumamos importar. Para além de um embutido e de algumas garrafas que certamente provaremos juntos, nos trouxeram um rótulo raro que colamos na contracapa de um de nossos cadernos de vinhos – nas páginas apenas o que bebemos. Eles já haviam compartilhado conosco um chardonnay uruguaio de Carmelo que, sem passar por barrica, se mostra fresco e delicioso – e olha que essa uva não me cai bem quando não vem acompanhada das borbulhas dos espumantes. Ficamos tão encantados com o raro Almacen de la Capilla que em janeiro fomos até lá e tomamos uma garrafa, e trouxemos outra.

Almacen

Essa semana mais dois episódios muito especiais. Primeiro um ex-aluno que está na Espanha foi parar na Abatia Retuerta, vinícola que visitamos em 2015, compramos vinho e conhecemos a exuberância do hotel religioso que esbanja luxo e privacidade. De lá ele me mandou uma foto que me encheu de saudades e me fez suspirar pelo carinho demonstrado com a lembrança. Pude sentir o cheiro do lugar, o calor do ambiente, quase ouvi a voz da moça que nos atendeu de forma ríspida na loja da produtora, e amoleceu depois de perceber que entendíamos um pouco de vinho e vínhamos de tão longe especialmente para comprar o que tanto nos agrada.

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Foto: hotel Le Domaine (Abadia Retuerta)

Mas o ponto máximo ficou por conta de um amigo querido que está no Japão e de lá se lembrou de uma provocação recente que fiz: “compra um vinho japonês pra gente ver o que significa”. E ele mandou, orgulhoso e repleto de amizade, a foto da conquista. Obviamente estou muito curioso, contando as horas pra gente armar algo e tomar essa raridade. A se medir pela missão anterior, teremos diversão garantida. Trata-se do mesmo viajante que dividiu conosco, em junho do ano passado, um vinho de Rostov, Rússia, feito a partir da cabernet sauvignon. Rótulo exuberante, presente ganho por ele em viagem a São Petersburgo a trabalho. Uma boa bebida, elegante, agradável. Bem bacana, sobretudo pela satisfação imensa de ter sido lembrado, de dividir o instante e colar um item raro em nosso caderno de recordações. Que delícia! COnto mais quando beber o japonês…

russo

Fonte: Cellar Tracker