O feed da sua conta nas redes sociais te fala muito sobre você. Isso todo mundo sabe, e por isso tem vezes que abro meu perfil no Instagram e me sinto numa verdadeira loja de vinhos, ou em várias ao mesmo tempo. Não é raro uma oportunidade que pisca me fisgar, e lá vou eu apertar o “compre agora” ou o “saiba mais”.

Dia desses caí, no melhor dos sentidos, no chamado da “Vinho Justo”. Era um combo de quatro rótulos brasileiros da Vinícola Panizzon a menos de R$ 155, ou seja, menos de R$ 40 a garrafa. Voltando no cálculo que apresentei no texto passado: do chão não passa. Vou arriscar. Vale! Mas não sem antes olhar quem vende e quem produz.

A Vinho Justo tem uma narrativa virtual bem simpática. Gabriela e Tomaz se denominam Os Justos, e oferecem vinhos de diferentes lugares do mundo. Os preços variam, e as promoções podem ser atraentes, mas confesso que comprei pelo entusiasmo do preço, pela curiosidade que tenho no que uma das uvas de uma garrafa tem conseguido entregar no Brasil e pela narrativa descolada e apaixonada dos Justos. Acho que acertei.

A Panizzon reúne algumas marcas, inclusive um rótulo uruguaio que dia desses paguei barato e coloquei na geladeira para cozinhar. O Di Mallo Merlot é bem simples, mas acho que demos um fim cruel a ele. Dava pra ter bebido. Não precisava ter ido para a panela. Paciência. A vinícola brasileira fica em Flores da Cunha-RS, tem espumante premiado, como é de se esperar no Rio Grande do Sul, e os rótulos que eu desejava na Vinho Justo estavam algo como dois reais mais baratos na loja virtual da vinícola. Deixei de lado qualquer sonho de “levar vantagem” comprando direto e nem fui comparar frete e coisas do tipo. Estava embarcado na loja que me fisgou. Fui entender, no entanto, um pouco mais do que eu estava levando. Apenas pela curiosidade. O Cabernet Sauvignon e o Chardonnay eram os mais óbvios e fáceis de entender. Eu queria mesmo era o Ancellotta e o blend mais sofisticado, o Maximus. Comprei! Bela quadra.

Feito o pedido, paguei e depois de confirmada a operação recebi em meu WhatsApp uma simpática mensagem de Tomaz se colocando à disposição e agradecendo a compra. Bela estratégia. Respondi, ele respondeu, e me senti em casa.

Os vinhos chegaram, e em poucos dias tomávamos o Chardonnay. Bela estreia. O que me irrita em vinhos mais baratos dessa uva é o excesso de gosto de baunilha e carvalho artificializados. Já tomei alguns Chardonnay frescos e os acho tão melhores. Difícil é encontrar. Mas vamos lá: “gostoso, correto, carvalho sem exageros, sem baunilha, muito legal”. Foi o que enviei a ele no dia 15 de fevereiro. Ele agradeceu motivado.

Mais alguns dias, e foi a vez do Cabernet. Queimei logo os dois que menos nos interessavam. E outra grata surpresa: “Super correto. Mais fresco que a média, bem equilibrado. Muito legal”. Foi o que escrevi para ele numa mensagem, cumprindo o prometido de avaliar os vinhos conforme bebíamos. Mais uma simpática resposta do meu interlocutor. Raro eu achar um Cabernet leve. Sei que não é. Mas esse estava original, autêntico, um vinho correto demais para o valor cobrado. Gostamos.

Os resultados acima me deixaram curioso para entender os outros dois, que eram os mais esperados. O Maximus eu vou lançar em outra ocasião, ele ficará mais uns dias na adega climatizada. Mas ontem foi a vez do Ancellotta, a uva que junto da Teroldego tem despertado muito a minha curiosidade e rendido ótimas noites em tintos nacionais. Abri. Erva pura, simpático demais. Um vinho com um frescor herbáceo, sem perder a simpática potência da uva. Esse me agradou demais, e passou a ser entendido como uma das melhores relações custo x benefício na atualidade. Empolgado, fui ao site procurar o combo para repetir a compra. Numa primeira pesquisa não encontrei, mas hoje piscou o quarteto no Instagram mais uma vez. Voltei ao site e o pacote está esgotado. Eu espero. Sou paciente… Se vou comprar? Claro que sim. A despeito do resultado do Maximus. Com três acertos em três garrafas, e com quatro possíveis benefícios, a compra já valeu muito…

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Fonte: imagem da Vinho Justo