A produção de vinho tem seu preço minimamente associado ao dólar por conta de uma série de fatores atrelados ao mercado e à produção. Mas a importação do vinho deixa o “minimamente” da frase anterior reduzido a quase nada. Assim, olhei para o gráfico abaixo e consegui entender facilmente a correlação com meu consumo de vinho nacional – a cotação vai até o último dia de 2019 para não nos assustar muito.

 

Dólar

 

Em 2015, quando a moeda americana dispara, o Brasil foi a quinta origem dos vinhos que mais bebemos. Em 2016 a terceira, em 2017, 2019 e já em 2020 a primeira, e em 2018 a segunda. O gráfico abaixo, de volume de garrafas bebidas não deixa dúvidas: o Brasil entrou definitivamente na nossa agenda, sobretudo a partir de 2014 e, desde 2017, virou realmente a opção mais marcante. Entre 2017 e junho de 2020, por exemplo, só três países registraram mais de 100 garrafas em nossos registros: França (100), Portugal (106) e Brasil, com expressivas 145. Entre 2011 e 2013 a Espanha atingira 75 rótulos, Portugal e França empatavam em 55 e o Brasil caminhava baixo, com apenas 11 – sobretudo espumantes.

Brasil

Os números acima talvez revelem minha avareza, a piora das condições de importação ou uma série de dificuldades. Nada disso! Fique absolutamente certo de que não gostamos de beber vinhos medonhos. Ou seja: se fosse para consumir o Brasil apenas pelo preço eu teria acentuado meu consumo de cerveja artesanal. O fato indiscutível é que a situação para consumir vinho estrangeiro piorou no exato instante em que o vinho nacional melhorou demais. Sorte a nossa. Hoje não existe grande e respeitada importadora que não tenha rótulos nacionais em seus portfólios. E eles não são necessariamente os mais baratos. Isso inclui os premiadíssimos espumantes, mas também belos tintos que começam a ganhar espaço.

Nosso aumento no consumo começou pelos pouco explorados catarinenses, e hoje está absolutamente concentrado nos gaúchos, com espaço para o que procuramos provar para conhecer – paulistas, baianos, pernambucanos, goianos, paranaenses e mineiros. Faltam ainda os raros fluminenses que existem e têm potencial. Genial! Viva o vinho brasileiro, e a exemplo do que eu coloquei aqui na semana passada: pode apostar, pois se souber onde comprar terá bons preços e excelente qualidade. Deixo aqui uma dica surpreendente para fechar esse post com um rótulo reserva da família Bertolini: o Bigorna, 100% Teroldego, safra 2012, que comprei por menos de R$ 80 na Evino. Intenso, potente e brasileiro. Saúde!

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