Todo supermercado ou loja preocupado com clientes de diferentes capacidades financeiras terá seus vinhos mais baratos e destacarão algumas dessas ofertas. O risco que se toma ao adquirir vinhos desse tipo é alto para o paladar, mas como costumam caber no bolso é sempre interessante tentar encontrar algo que represente de forma emblemática a lógica do custo x benefício. Pois bem, o que trago aqui hoje são três desses achados simpáticos, cada qual em um local diferente.

Do SuperVille, um mercado de bairro que tem cara de sacolão e fica na Rua Coriolano, Lapa, vem o absoluto campeão dessa história toda. Trata-se do Miluna bianco, um italiano da Puglia que no site da importadora Grand Cru custa R$ 62,90. Como eles estão naquela onda que me cansou de Clube de Vinho, o que chamam de Confrade pode pagar R$ 53,47. Mas se você for ao meu mercado de estimação, que tem uma belíssima adega, encontrarás o Miluna faz semanas pela bagatela de R$ 39,90 – o equivalente a 75% do melhor preço do importador. Comprei. Uma, duas… até beber essa semana a sexta garrafa. E não comprei a caixa, não. Comprei uma de cada vez. Na Black Friday de 2020 chegou a R$ 37,90, e em outros instantes bateu R$ 49,00. Valeu em todas. Um blend a 50% de Malvasia Bianca e a outra metade de Chardonnay. Bem gelado fica ótimo, e remete a notas cítricas bem interessantes.

miluna

Do Evino veio outro italiano. Não dava nada por ele, comprei pelo site para completar o frete grátis. Estava a R$ 47,00 e refrescou demais. Ao estilo: bem gelado vai fácil. Aqui estou falando do siciliano Vila Pani bianco, um blend das pouco comuns no país da bota: Viognier e Chardonnay, castas francesas, a segunda absolutamente espalhada pelo planeta e sinceramente bem presente na Itália – acho que fui infeliz no começo da frase… Entregou bem, já o vi a menos de R$ 37,00 e serviu ao propósito de acompanhar uma noite quente.

vila pani

Por fim, no supermercado Oba, que também possui uma adega bem simpática e repleta de opções pouco convencionais, pois importa parte do que vende, encontrei o espanhol Mesta – blanco por atraentes R$ 39,90. Rótulo repleto de pequenas ovelhas, achei simpático – o preço e a ilustração – e comprei. Por esse preço, pensei: do chão não passa. A região, Uclès, fica nos arredores de Toledo e Cuenca, no centro da Espanha. Não se trata do local mais conhecido, mas vinho tem dessas coisas: regiões que parecem menos atraentes e pouco importadas para o Brasil possuem rótulos bem mais em conta e muitas vezes excelentes. Que os digam meus queridos tintos de Utiel-Requena feitos a partir da uva bobal. Pois bem, o Mesta é um varietal de Verdejo, uva que reina quase absoluta e entrega demais, deliciosamente, na região espanhola de Rueda. Esse terceiro rótulo, igualmente gelado, agradou demais.

mesta

Moral dessa minha história: para cada vinho desses acima podemos até comprar alguns outros errados, mas essa é a essência do mundo dos vinhos. Arriscar. Tentar. Provar. Sobretudo se você for um apreciador da bebida, respeitando obviamente aquele consumidor que sempre compra o mesmo vinho achando que está diante da prateleira de refrigerante – algo que sequer eu tomo…