Parte expressiva do tempo de muitas pessoas hoje é dragado pelas redes sociais. Passamos horas nos dedicando a contas em aplicativos e ambientes virtuais que nos conectam pelas mais diferentes razões. Dia desses fui tentar entender quem me tirava tantas horas do dia e conclui: Facebook, Whatsapp, Twitter e Linkedin. Juntos me drenavam o que não sobra em minha vida: horas. Livrei-me do último e fechei minha conta no terceiro. Ganhei tempo. Será que perdi alguma coisa? Muitos vão dizer que sim. Paciência, a vida é feita de escolhas.

Minha paixão pelos vinhos também me ocupa, mas hobby é psicologicamente um gerador imenso de prazer. E aqui também existe uma espécie de “enorede” que nos coloca em contato com o que amigos e pessoas espalhadas pelo mundo estão bebendo. O mais aclamado, ao menos no Brasil, é o Vivino. Em tese trata-se de um universo de colaboração em que pessoas armazenam imagens daquilo que consumiram, avaliam, comentam e tudo isso fica organizado e à disposição de usuários. Serve para trocar experiências, mas pra não me envolver novamente numa imensa rede que me levaria a gastos expressivos de tempo só utilizo duas funções básicas nesse aplicativo. A primeira é armazenar o que bebi para, num momento de compra, na hora de contar uma história ou numa dúvida consultar cerca de mil avaliações que tenho por lá. O outro instrumento, que requer que se pague algo num instrumento cuja versão mais simples é gratuita, é a administração da adega. Fotografo o que compro e jogo na “prateleira virtual”. No começo parecia bacana, mas confesso que meu arquivo em Excel me serve melhor.

No aplicativo também me divirto com os comentários alheios, que vão muito além do máximo de vinte “amigos” que tenho por lá. Eu escrevo MUITA besteira na minha conta quando faço uma avaliação, mas não estou sozinho nessa. O que mais me leva ao riso são aqueles textos longos que copiam o que está escrito no rótulo. Será que o sujeito ficou minutos com o celular na mão copiando uma etiqueta? Claro que sim! Mas a graça maior está no tipo de comentário que carrega seis, sete, por vezes oito aromas sentidos pelo bebedor ao longo do consumo – algo que a ciência sugere que NÃO somos capazes de sentir, e que muita gente apenas sonha que percebeu. Quando conheço a região e vejo a distância entre o que o solo fornece e o que o bebedor encontrou no líquido a diversão é ainda maior.

Vivino

Fonte: versão web do Vivino

Outro aplicativo muito bacana é o Cellar Tracker. A plataforma começou pela internet e hoje está nos celulares. A realidade aqui é menos atraente em termos visuais, e parece bem mais técnica. Trata-se de uma base, toda em inglês, em que o meu principal interesse está associado ao período em que o vinho pode ser tomado. Na prateleira do supermercado comprar uma garrafa de R$ 50 não exige grandes esforços em termos de atitude. Chego em casa, coloco na adega e poucos dias depois estou bebendo sem preocupação. Mas quem me diz quando devo tomar um Valbuena nº 5 (2005) que comprei em Portugal em 2012 por noventa euros e que no Brasil é vendido por cerca de R$ 1,5 mil? Claro que como proprietário posso abrir e tomar a hora que eu quiser, mas vinho tem tempo certo para render o máximo. E em muitos casos esse aplicativo oferece uma sugestão, um intervalo de anos, o que representa dizer que com paciência e respeito ao produtor, de forma mais segura, abrirei essa garrafa em 2019. Outras funções existem e merecem ser exploradas, mas repito: o site é menos amigável. Divirta-se!

Cellar

Fonte: versão web do CT