Duas coisas aqui em casa são orgulhosamente mostradas para nossos convidados quando o assunto é vinho. Os mais de dez cadernos com quase dois mil rótulos colados e catalogados, e a planilha gerada a partir da organização das informações em Excel. Hobby organizado dá prazer. Os cadernos se tornam um verdadeiro diário de casamento, e o primeiro deles completa 10 anos de colagens. Desde 2011 eu não tenho nenhuma vergonha de arrancar etiquetas em restaurantes e mesmo na casa de amigos, em festas etc. É um ritual que aprimorei de forma muito intensa. E quando essas pessoas vêm aqui e veem o que fazemos, ficam orgulhosas de serem parte de nossa história.

A planilha gera outro tipo de sentimento, e pense que tudo isso que apresentarei pode ser cruzado em tabelas muito legais. Ou seja: algo que me dá a oportunidade de criar informações e perceber o que mais gostamos e o que deve ser evitado. A trilha das escolhas se faz a partir dessa percepção. Antes dos dados brutos, vou dar um exemplo: a França tem mais de 50% dos vinhos rosados que bebemos, sendo o sul do país o campeão absoluto em termos de regiões, predominando as catas Grenache e Shiraz nesses vinhos, sem desprezar a Cinsault. Outro dado: o consumo de vinho branco se acentua, de forma esperada, entre setembro e fevereiro, e o tinto se torna mais forte entre maio e outubro. Rosê é de fevereiro – sei lá porquê – e espumantes são regulares o ano todo.

Se considerarmos até dezembro de 2020, e portanto 1.894 rótulos catalogados, teremos 57% de vinhos que se dizem varietais e 43% de blends – respectivamente bebidas feitas de uma única uva ou da combinação de duas ou mais delas. Mais de 96% foram bebidos em garrafas de 750 ml e a média de teor alcoólico está em 13,1%. Um total de 56% foram consumidos exclusivamente por mim e Ka juntos, sem a companhia de outras pessoas. Mas temos mais de 60 vinhos abertos com um casal querido que mora pertinho de casa. Esse grupo ampliado para mais um casal nos leva a outros quinze vinhos. Outro casal querido tem conosco quase 50 garrafas em eventos feitos em torno de grandes receitas, e por fim, em tom saudosista, um casal já desfeito tinha outras quase 60 rolhas sacadas conosco. Olhar pra isso é relembrar cada instante.

Outros dados podem ser obtidos. Por exemplo: 60% dos vinhos foram consumidos em nossa atual casa, onde moramos exatamente desde 2011. Dois terços das garrafas foram consumidas no jantar, e a média de idade das garrafas é de 3,5 anos, ou seja, vinhos jovens em boa parte das ocasiões. Por fim, 10% de tudo foi bebida em maio, coincidentemente o mês de meu aniversário.

Por fim, as estatísticas que mais controlo. E nesse caso tendo por base o que bebemos em todo o tempo até ontem. Três castas respondem por 24% de tudo. São elas: Cabernet Sauvignon (que eu busco evitar, mas paciência); Chardonnay (que de forma avassaladora vem nos espumantes que mais gostamos) e; Tempranillo (por anos a queridinha da casa). A novidade é a Pinot Noir, que foi a uva mais bebida em 2019 e 2020, e já tem 6% de participação em nossas aventuras. Aqui temos registradas 139 castas predominantes, com 36 delas prevalecendo em dez ou mais garrafas registradas.

Nos países, algo muito curioso: o que fizemos com o vinho nacional. Foram 13 garrafas até 2013, 125 entre 2014 e 2017, e 210 de 2018 a 2021. O Brasil hoje representa 18% de tudo o que temos registrado, seguido pela Espanha (15%), França (13%) e Portugal (13%). Se colocarmos os 11% da Itália teremos os cinco países mais consumidos por aqui com mais de 70% do todo. Chile e Argentina vêm logo depois. Ao todo são 34 nacionalidades, com curiosidades como Bolívia, México, Japão, Rússia, Canadá, Inglaterra e até mesmo Myanmar.

Última característica a merecer atenção, o tipo de vinho bebido. Aqui cada um dos quatro tipos cadastrados tem espaço próprio, sem qualquer equilíbrio entre eles. São 61% de tintos, 21% de brancos, 11% de espumantes e 7% de rosados. A chance de haver mudança aqui é baixa nos próximos anos. Assim como é mínima a probabilidade de eu deixar de me divertir com esses dados e recordações. Saúde!

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